Financeirização e o consumo privado português: dois efeitos contraditórios?

v. 41 n. 1 (2021)

Jan-Mar / 2021
Publicado em fevereiro 9, 2021
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Como Citar

Gonçalves, Andreia, e Ricardo Barradas. 2021. “Financeirização E O Consumo Privado Português: Dois Efeitos contraditórios?”. Brazilian Journal of Political Economy 41 (1):79-99. https://doi.org/10.1590/0101-31572021-2993.

Financeirização e o consumo privado português: dois efeitos contraditórios?

Andreia Gonçalves
Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal. Informa D&B, Lisboa, Portugal.
Ricardo Barradas
Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Dinâmia’CET-Iscte, Lisboa, Portugal. ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal.
Brazilian Journal of Political Economy, v. 41 n. 1 (2021), Jan-Mar / 2021, Pages 79-99

Resumo

Este artigo faz uma avaliação empírica da relação entre a financeirização e o consumo privado português, realizando uma análise econométrica de séries temporais, do primeiro trimestre de 1996 ao terceiro trimestre de 2019. Emoldurada na literatura pós-keynesiana, a financeirização tem dois efeitos contraditórios sobre o consumo privado. O primeiro corresponde à queda do rendimento do trabalho das famílias, o que favorece uma desaceleração do consumo privado. O segundo corresponde ao aumento da dívida das famílias e ao aumento da riqueza financeira e habitacional das famílias, o que favorece uma aceleração do consumo privado. O efeito líquido global da financeirização tende a ser positivo porque o efeito benéfico da riqueza suprime o efeito prejudicial do rendimento. Estimamos uma equação de consumo privado que inclui quatro variáveis de controle (taxa de desemprego, taxa de inflação, taxa de juros de curto prazo e taxa de juros de longo prazo) e três variáveis ligadas à financeirização (rendimento do trabalho, riqueza financeira líquida e riqueza habitacional). Os nossos resultados confirmam que o rendimento do trabalho, a riqueza financeira líquida e a riqueza habitacional são determinantes positivos do consumo privado português. Os nossos resultados mostram também que a financeirização representou um importante motor do consumo privado português, principalmente devido aos efeitos benéficos da riqueza financeira líquida.

Classificação JEL: C22; D10; E21; E44.


Palavras-chave: Consumo privado financeirização rendimento do trabalho riqueza financeira líquida riqueza habitacional Portugal modelo ARDL