v. 22 n. 2 (2002): Apr-Jun / 2002


v. 22 n. 2 (2002)

Apr-Jun / 2002
Publicado em abril 1, 2002

Artigo


Celso Furtado e o início da industrialização no Brasil
Tamás Szmrecsányi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-124

Vários autores vêm se referindo nessas últimas décadas à ausência nas obras históricas de Celso Furtado de explicações mais elaboradas sobre as origens e a evolução inicial do setor manufatureiro da economia brasileira. Na tentativa de testar empiricamente a validade dessas afirmações, o artigo apresenta o resultado de uma revisão sistemática não apenas do famoso livro O crescimento econômico do Brasil, mas também de outros trabalhos do autor. A propósito, algumas conclusões bastante diferentes foram alcançadas. Essas conclusões não têm o objetivo de criticar afirmações anteriores, mas sim de sintetizar e caracterizar as ideias de Furtado sobre esse processo muito importante da história da economia de nosso país.

Classificação JEL: B3, N16.


Reestruturação do Sistema Financeiro Internacional e Países Periféricos
Maria Cristina Penido de Freitas, Daniela Magalhães Prates
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1268

O objetivo deste artigo é apresentar uma avaliação das proposições de reformulação do sistema financeiro internacional e suas prováveis consequências para a soberania nacional dos países subdesenvolvidos. Para atingir esse objetivo, o artigo analisa a lógica subjacente às principais recomendações políticas do FMI para a “nova arquitetura financeira internacional”, as novas regras de adequação de capital elaboradas pelo Comitê da Basiléia e as propostas de reforma para o FMI e o Banco Mundial propostas pelo Congresso dos EUA e pelo governo dos EUA.

Classificação JEL: F33; F53; G15; O19.


Por que a China sobreviveu à crise financeira asiática?
Shalendra D. Sharma
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1235

A economia chinesa mostra uma notável semelhança com as da Tailândia, Indonésia, Coreia do Sul e Malásia antes da crise - especialmente as bolhas de ativos, alta dependência de intermediação bancária, má supervisão prudencial e fragilidade do sistema financeiro. No entanto, a China desafiou a previsão comum e não sucumbiu à crise financeira. O que explica a capacidade da China de suportar uma grande crise financeira em toda a região? Este estudo aborda essa questão complexa, além de elaborar as medidas de reforma que a China deve implementar para se imunizar contra futuras crises financeiras ou seus efeitos de contágio.

Classificação JEL: O53. O57.


Reorganização Econômica, Absorção de Mão de Obra e Qualificação
Claudio Salvadori Dedecca
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1239

Nos anos 90, a sociedade brasileira conheceu um processo muito importante de mudanças econômicas e sociais. Após um longo período de desenvolvimento centrado no mercado interno e na base industrial local, foi adotada uma nova política econômica visando o aumento da competitividade da estrutura industrial. A nova dinâmica econômica induziu o crescimento da importação e reduziu a importância da base produtiva local para o nível do mercado interno. Essa dinâmica impôs reduções sistemáticas do nível formal de emprego. O governo argumenta que os problemas de emprego são explicados pelo nível reduzido de qualificação dos trabalhadores nacionais. Este artigo mostra que essa dinâmica se baseia na força de trabalho não qualificada. Reforça a baixa habilidade do mercado de trabalho brasileiro e não melhora a competitividade da base produtiva nacional. Não encontramos indicadores capazes de confirmar os argumentos da política econômica real.

Classificação JEL: J12, J13, O25.


Negócios e Atrasos na Política Portuária no Brasil
Mahrukh Doctor
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1013

O caso da reforma da modernização portuária no Brasil resume os problemas que os reformadores brasileiros enfrentam. Embora a legislação da reforma tenha sido aprovada em 1993 (Lei 8.630/93), ainda existem muitos obstáculos para a plena implementação. Este artigo concentra-se em como as atitudes e ações dos negócios adiaram a reforma e demonstra como as empresas são incapazes de contribuir para a implementação da reforma devido a obstáculos institucionais e problemas de ação coletiva. Em seguida, sugere um mecanismo para superar essas dificuldades; especificamente, examina a evolução do corporativismo e o valor da construção de comunidades políticas unidas e democráticas que atendam às necessidades de cada setor. O trabalho empírico é complementado com uma combinação incomum de três abordagens teóricas para explicar a economia política da modernização institucional: economia institucional desenvolvida por Douglass North, lógica da ação coletiva elaborada por Mancur Olson e análise de redes políticas desenvolvida por Marsh e Rhodes, Jordan e Richardson.

Classificação JEL: P11; R10.


Políticas de emprego em economias semi-industrializado
Julio López G., Penélope Pacheco L.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1010

O principal objetivo deste artigo é analisar as opções de política econômica para promover o crescimento econômico e a absorção do desemprego no curto prazo em economias semi-industrializadas abertas. Levamos em conta a existência de capacidade ociosa e postulamos que pelo menos parte dessa capacidade poderia ser utilizada no curto prazo, estimulando o crescimento do produto, mesmo com a manutenção do equilíbrio na balança comercial. Enfatizamos a necessidade de combinar competitividade da bolsa real com estabilidade de preços e uma distribuição justa de renda. Assim, propomos contrabalançar os efeitos negativos de um aumento da taxa de câmbio no poder de compra dos trabalhadores, com compensação alcançada por meio de subsídios diretos ou redução do imposto sobre o valor agregado para bens básicos. Com dois exercícios econométricos realizados para o Brasil e para o México, analisamos empiricamente a hipótese básica deste trabalho.

Classificação JEL: E12; J0; L6.


O papel de uma agência especial de seguros de empréstimos no Brasil
João Sicsú, Eduardo da Motta e Albuquerque
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1009

Este artigo sugere uma Agência Especial de Seguros (SIA) para o financiamento de investimentos inovadores. O objetivo desta agência é estabelecer um vínculo entre o sistema bancário e o sistema de inovação. Este artigo avalia o sistema bancário brasileiro e o sistema nacional de inovação e sugere uma inovação institucional. Essa Agência de Seguros Especiais apoiaria um aumento na quantidade de recursos privados alocados ao financiamento de atividades inovadoras, tanto para empresas estabelecidas quanto para novas empresas. Essa Agência de Seguros Especiais pode reorganizar a divisão do trabalho entre as instituições do sistema brasileiro de inovação.

Classificação JEL: G2; O3.


Orçamento e planejamento municipal: um estudo de caso
Eloi Dalla Vecchia, Marco Antonio Montoya
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1254

O presente artigo busca avaliar a eficiência do planejamento na área municipal, no período de 1989 a 1997, com o objetivo de estabelecer se a variável inflação determina níveis mais altos ou mais baixos considerando o ajuste municipal. Para isso, foi utilizado como banco de dados o orçamento de 67 municípios da região do Platô Médio do estado do Rio Grande do Sul. O processo metodológico implicou a construção de índices eficientes, avaliados por meio da nota de ajuste da variável orçamento. Verificou-se que: a) a variável inflação não é a única determinante do ajuste do planejamento municipal; b) Existe, na equipe técnica municipal, falta e deficiência em relação ao planejamento e ao orçamento (técnico) da disciplina; c) A ausência de um processo formal e estabelecido que possa avaliar as propostas orçamentárias, na discussão e aprovação das leis, considerando esta uma responsabilidade legislativa. Conclui-se, portanto, que os legisladores, principalmente no período de fixação de preços, não foram eficientes, considerando o exercício de suas funções, julgamento, discussão e aprovação das leis orçamentárias nas cidades da Região do Platô Médio do estado do Rio Grande do Sul. Sul, pois permitiram o orçamento sistemático de superavaliação, que propunha a geração de uma série de déficits.

Classificação JEL: H7; R51.


A Desregulamentação do Setor Sucroalcooleiro
Geraldo Santana de Camargo Barros, Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1266

O objetivo deste artigo é determinar os principais atores e arenas de decisões envolvidas na desregulamentação do setor sucroalcooleiro brasileiro, utilizando conceitos de Economia Política. A desregulamentação foi conduzida por atores das regiões produtoras do Sudeste e Nordeste (como associações de produtores de cana, sindicatos e associações de produtores de açúcar e álcool e sindicatos de trabalhadores) e por políticos de várias regiões produtoras de cana, cujos interesses conflitantes influenciaram os tomadores de decisão. O CIMA foi a principal arena de decisão. Os principais atores que determinam as políticas públicas para o setor são os congressistas e os governos estaduais e municipais.

Classificação JEL: L5; L7.


Será consistente a proposta de criação de uma união monetária no Mercosul?
Fernando Ferrari Filho, Luiz Fernando de Paula
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1007

Este artigo tem como objetivo discutir a proposta de união monetária no Mercosul à luz da teoria da Área Moeda Ótima (AMO). Mostra que não há evidências de que a convergência macroeconômica possa ser alcançada no Mercosul, uma vez que a área alcançou minimamente alguns critérios básicos definidos pela literatura da AMO.

Classificação JEL: F2; F15; F45.