Este artigo oferece uma interpretação da inflação brasileira e comenta brevemente
sobre o Plano Cruzado. Ele enfatiza dois pontos. Primeiro, há os problemas de consolidação
fiscal na presença de uma grande dívida pública. O que falta em muitas análises
de programas de estabilização é precisamente a situação particular da dívida e o papel da
disponibilidade de divisas em programas bem-sucedidos ou malsucedidos. Em segundo lugar,
discutimos o papel dos déficits orçamentários no processo inflacionário no Brasil. Os
modelos de senhoriagem como explicação para a inflação no Brasil são descartados com
base no fato de que a senhoriagem como parcela do PIB não mostra absolutamente nenhuma
correlação com a inflação. O modelo de bens monetários do monetarismo é inadequado
para a economia brasileira porque prevê que a senhoriagem conduz o sistema. Mas a
experiência brasileira, ao contrário, deve ser interpretada à luz das mudanças nas fontes
de financiamento do orçamento. A aceleração da inflação entre 1979 e 1985 está ligada à
mudança do financiamento externo para o doméstico e aos grandes superávits comerciais
que elevaram as taxas de juros e a inflação. O artigo desenvolve um modelo que mostra
um padrão de ajuste para o aumento da inflação induzido pelo aumento das taxas de juros
reais de equilíbrio, que coincide com os dadosbrasileiros. O Plano Cruzado não deu atenção
ao problema da dívida e à necessidade de consolidação orçamentária (provavelmente
por meio de alívio da dívida e taxa de capital). Na ausência de uma abordagem integrada,
empurrou a economia para uma situação clássica de finanças inflacionárias.
Classificação JEL: E31; E52.
A busca por “programas de ajuste orientados ao crescimento” é uma reação ao
desacordo generalizado com os programas de estabilização que o FMI recomenda para
as nações endividadas. Uma nova ortodoxia está surgindo dessa situação, que relaciona a
recuperação das nações devedoras a uma mudança para o desenvolvimento orientado para
o setor externo, baseado na liberalização do comércio internacional. Este artigo descreve
muitas limitações importantes desta nova ortodoxia. A forte ênfase na liberalização não
tem base histórica e não corresponde realmente às experiências verificadas nas bem-sucedidas
economias do Extremo Oriente. Além disso, desvia a atenção das necessidades mais
urgentes das economias endividadas.
Classificação JEL: H63; F31; F34; F43.
Após uma revisão histórica dos procedimentos de renegociação da dívida externa
brasileira de 1983 a 1987, este artigo discute cinco pontos técnicos controversos: cálculo
do spread e método de reestruturação, repasse interno das amortizações reestruturadas, jurisdição
do tribunal estrangeiro, monitoramento do FMI e conversão patrimonial da dívida
Classificação JEL: H63; F34.
Este artigo enfatiza o impacto contraditório das biotecnologias no sistema econômico,
tanto entre os países industrializados quanto os do Terceiro Mundo e dentro de cada
um desses blocos. As aplicações heterogêneas da biotecnologia e as relações específicas que
estabelecem entre recursos industriais e naturais levam a uma multiplicidade de políticas
setoriais e nacionais. As biotecnologias oferecem ao Brasil a possibilidade de uso mais racional
e competitivo de seus recursos naturais e, ao mesmo tempo, uma maior participação
em importantes setores industriais hoje fortemente internacionalizados. A chave do sucesso,
entretanto, depende da capacidade de transformar a pesquisa em estratégia industrial.
Classificação JEL: Q16; Q17.
Este artigo mostra que a lógica universal do capitalismo pode ser identificada na
singularidade da mudança agrícola no Brasil durante o período inicial da industrialização
(1889-1930), por meio da mediação de um padrão particular de transformação agrícola
baseado no latifúndio. O desenvolvimento da agricultura foi marcado pelo processo de
gradual transformação das grandes propriedades (lafifúndios) em modernas empresas capitalistas,
de forma que o padrão brasileiro não poderia ser baseado em pequenas propriedades
camponesas. Como resultado, o desenvolvimento das relações capitalistas de produção
e das forças produtivas permaneceu fraco e limitado à indústria, enquanto a maioria da
população não conseguiu melhorar suas condições de vida precárias.
Classificação JEL: N56; Q10.
Durante aproximadamente dois anos e meio a economia brasileira manteve um
superávit comercial de cerca de US$ 12 bilhões. A origem e sustentabilidade desse superávit
tornou-se um dos principais temas da polêmica sobre as perspectivas de crescimento de
médio e longo prazo do país. Utilizando os dados mais recentes, e comparando 1987 com
1986, este artigo tenta mostrar que a queda do superávit comercial no segundo semestre
de 1986 foi uma aberração, corrigida em 1987. Neste último, o nível de atividades alcançado
em 1986 mostrou-se compatível com o nível de superávit sustentado de 1984 até o
primeiro semestre de 1986. O artigo também tenta explorar algumas das implicações da
excepcional capacidade do país de gerar superávits elevados, finalizando com uma breve
referência à sua posição frente à dívida externa.
Classificação JEL: F134.
Esta nota revisa a produção em torno da desigualdade e dos níveis de renda,
procurando entender se há evidências teóricas e empíricas suficientes para estabelecer tal
conexão.
Classificação JEL: O15; B22.
Após a divulgação do plano de James Baker de reestruturação da dívida externa
de países selecionados, esta nota revisa o histórico de renegociação de dívidas entre países
latino-americanos e bancos transnacionais. Também trata de como um plano de estabilização
pode ser harmônico com o crescimento econômico.
Classificação JEL: F34: H63.
Considerando as dramáticas mudanças no mercado monetário internacional durante
a década de 1980, este artigo discute a necessidade de restabelecer a coordenação
monetária interna.
Classificação JEL: F33; G15.
O sucesso de um programa de estabilização depende de uma série de fatores. As
experiências recentes com planos “heterodoxos” são fontes de lições importantes tanto
para futuras tentativas de estabilização quanto para desenvolvimentos teóricos. Esta peça
enfoca as lições aprendidas com o Plano Cruzado.
Classificação JEL: E31; E52.
Tão desafiador quanto lidar com o déficit público é calculá-lo. Este artigo trata
da medição da poupança do governo e das necessidades de financiamento do setor público
e compara as estatísticas do Brasil, Argentina e México.
Classificação JEL: H62; H68; H83.