v. 12 n. 2 (1992): Apr-Jun / 1992


v. 12 n. 2 (1992)

Apr-Jun / 1992
Publicado em abril 1, 1992

Artigo


As crises gerais
Ignácio M. Rangel
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0665

É útil relembrar as crises em que o planeta passa atualmente, com sua economia
e estrutura social afetadas, não é a primeira desse tipo. Sua superação certamente exigirá
ações diferentes daquelas desenvolvidas logo após a Primeira Guerra Mundial e a Revolução
Russa, embora não seja inconveniente procurar analogias entre “aquela” crise global
e “esta”.

Classificação JEL: N10; P51.


Entre Polanyi e Von Hayek
Ignacy Sachs
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-2010

Inspirado nas ideias de Polanyi e Von Hayek, este artigo traça a dinâmica do
Estado moderno e seu papel na esfera econômica. O conceito de economia mista é usado
para orientar a discussão.

Classificação JEL: B20; B25; P51.


Teoria Econômica e Dívida Externa Latino-americana
Manfred Nitsch
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0951

A crise da dívida que aniquilou a América Latina recebeu grande atenção de economistas
das mais diversas escolas. Espera-se que reafirmem suas diferenças, mas também
mostrem alguns pontos de convergência. O objetivo deste artigo é delinear esses pontos,
fazendo um retrospecto histórico da própria dívida e da crise latino-americana.

Classificação JEL: B21; B22; H63.


Estabilidade Dinâmica e Transformações dos Regimes Monetários Internacionais
Michel Aglietta
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0666

Neste artigo, o autor discute a dinâmica dos regimes monetários internacionais.
Em oposição à economia convencional, esses regimes são vistos como instituições históricas
irreversíveis, caracterizadas por uma instabilidade estrutural. Eles são definidos pelo
grau de rigidez cambial, pela mobilidade dos capitais e pelo peso dos objetivos internos na
função de preferência dos governos. Sua dinâmica é baseada em uma sequência irreversível
definida pela crescente degradação dos ajustes macroeconômicos, levando ao acúmulo de
tensões e a uma instabilidade estrutural, à medida que a economia mundial muda, e finalmente
a questionar os princípios fundadores do regime monetário internacional.

Classificação JEL: E58; E42; F33; F36.


O Capital Humano na Filosofia Social de Marshall
Eduardo Giannetti da Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0667

Como explicar os amplos e persistentes diferenciais da produtividade per capita
na economia mundial? Do ponto de vista marshalliano, essas diferenças estão relacionadas
a fatores microeconômicos (por exemplo, organização) e, em particular, ao investimento
per capita em seres humanos como agentes de produção. Marshall acreditava que a importância
relativa do trabalho mental em relação ao trabalho manual tendia a aumentar com
o tempo; e sustentava que o capital humano – ou seja, os atributos físicos, morais e cognitivos
de trabalhadores, profissionais e homens de negócios – é um dos mais importantes de
todos os insumos na função de produção e um dos elementos-chave no processo de crescimento
orgânico. O objetivo deste artigo é apresentar o pensamento teórico e normativo de
Marshall sobre o papel econômico da educação e trazer sua contribuição pioneira à teoria
moderna do capital humano.

Classificação JEL: B13; B31; I25.


Uma Linha Estratégica de Desenvolvimento Agrícola
José Eli da Veiga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0669

Este artigo enfoca a importância estratégica de políticas de alimentos baratos e
atribui a esse tipo de intervenção estatal o baixo nível de benefícios atuais em agricultura
capitalista desenvolvida. Como consequência, a agricultura corporativa foi inibida e o
abandono familiar encontrou condições favoráveis para o desenvolvimento.

Classificação JEL: Q11; Q18; O13.


Do Cruzado ao Collor: Os planos de estabilização e a agricultura
Gervásio Castro de Rezende
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-2106

Este artigo traça as raízes macroeconômicas da atual crise agrícola. Isso mostra
que o aumento da instabilidade inflacionária após 1986 e as políticas adotadas pelo governo
desde então para combater a hiperinflação fizeram com que os termos de troca da
agricultura se tornassem muito mais instáveis, ao mesmo tempo em que o governo recuava.
o apoio que eles estavam fornecendo à agricultura; essas condições adversas acabaram
causando a redução dos níveis de atividade agrícola em 1989 e 1990. O artigo conclui
apontando as implicações para a atual estratégia de estabilização.

Classificação JEL: Q18; Q11.

Comentários


Rigidez salarial e desemprego: um comentário sobre Kohn
Edward J. Amadeo, Amitava Khrishna Dutt
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0663

Este trabalhoexamina os modelos de fundos emprestáveis com uma taxa de juros estabilizada, na qual o sistema bancário preenche o hiato entre o fluxo de demanda e a provisão de fundos. Um típico modelo Mickseliano é desemvolvido para ressaltar a importância do crédito e inflação (deflação) em fechar o intervalo entre poupança e investimento. Substituindo a taxa nominal de juros pela qual - uma modificação apropriada num modelo cuja inflação é relevante - e usando a definição de renda Robertsoniana, percebemos que, dependendo da reação da 'carência' (lacking) e investimento à inflação, existe a possibilidade do sitema se tornar instável. Introduzindo desemprego no sistema percebemos que o investimento é mais sensível do que a carência à inflação, quanto maior o grau de flexibilidade salarial, maior será o nível de equilíbrio de desemprego, em face do choque de demanda, e maiores as chances de instabilidade macroeconômica. Finalmente demonstramos que se substituirmos a definição de renda Robertsoniana pela Keynesiana, o investimento se torna mais sensível à inflação, tornando a rigidez salarial, necessariamente, um bom negócio.

Classificação JEL: E12; E24.


Muitos Métodos é o Método: A Respeito do Pluralismo
Ana Maria Bianchi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0672

Este artigo enfoca a tese do pluralismo, proposta por Caldwell como uma metodologia
adequada para a Economia. Ele compara o pluralismo e a posição defendida por
Neville Keynes há 100 anos, quando a Economia passava por um período igualmente difícil
de sua história, caracterizado por um conflito entre linhas de pensamento antagônicas.

Classificação JEL: B41; B20.


Taxa de lucro e déficit público nos EUA
Francisco Paulo Cipolla
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571992-0688

O orçamento federal dos Estados Unidos apresentou apenas 8 superávits em
todo o período pós-Segunda Guerra Mundial, o último dos quais em 1969. Várias teorias
foram desenvolvidas na tentativa de explicar a persistência dos déficits federais. Devido às
visões keynesianas/estagnacionistas predominantes entre os teóricos de esquerda, enfatizou-
-se a análise do lado das despesas das finanças do governo e seu papel de apoiar a demanda
agregada. Pouca ou nenhuma atenção foi dada ao lado da receita, particularmente ao impacto
da diminuição da lucratividade das empresas nas receitas fiscais do governo. Este artigo
estima os prejuízos fiscais resultantes da queda acentuada da lucratividade nos últimos
45 anos. Conclui apontando algumas consequências econômicas mais amplas de grandes
déficits, como a dívida externa dos Estados Unidos, a maior do mundo, e as atuais tendências
regressivas do sistema tributário americano.

Classificação JEL: H25; H62.