v. 22 n. 3 (2002): Jul-Sep / 2002


v. 22 n. 3 (2002)

Jul-Sep / 2002
Publicado em julho 1, 2002

Artigo


Plano Real e âncora cambial
Maria Luiza Falcão Silva
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1240

Recentemente, vários países latino-americanos com inflação alta e vários tipos de desequilíbrios passaram por programas de estabilização da desinflação. O Brasil implementou em julho de 1994 o Plano Real — um experimento de estabilização baseado em taxa de câmbio. Este artigo revisita essa experiência examinando as principais razões do colapso do regime cambial, em janeiro de 1999, sob pontos de vista teóricos alternativos. O que emerge do artigo é a conclusão de que a maioria dos “novos” argumentos apresentados para explicar a crise cambial brasileira são usados no passado por teóricos heterodoxos.

Classificação JEL: E31; N16.


As Metas de Inflação: Sugestões para um Regime Permanente
Fabio Giambiagi, José Carlos Carvalho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1265

Em 1999, o regime de metas de inflação foi introduzido no Brasil em um ambiente com muitas incertezas e taxas de inflação relativamente altas. Como consequência, o conjunto de regras que até hoje regem o regime brasileiro ainda carece de um forte apoio institucional. Este artigo faz algumas propostas para um regime permanente de metas de inflação. Ao fazê-lo, discutimos como um maior comprometimento institucional pode ser alcançado com a configuração da meta de inflação. Também discutimos questões sobre qual deve ser o nível da meta permanente de inflação e também quanto pode ser tolerado de desvio. Com base nessas questões, sugerimos um conjunto de regras a serem adotadas no Brasil.

Classificação JEL: E52; E58.


A Teoria da Credibilidade da Política Monetária
Helder Ferreira de Mendonça
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1263

Este artigo analisa os principais argumentos relativos à teoria da credibilidade da autoridade monetária da literatura corrente. Nesse sentido, a origem do debate intitulado regras versus discrição é examinada e os avanços na literatura da proposta de independência do banco central. Os resultados indicam que o problema do viés inflacionário para a condução da política monetária é resultado de um conjunto de hipóteses ad hoc usadas pela literatura. Assim, os desenvolvimentos na literatura sobre a credibilidade do viés inflacionário representam um caso particular para a teoria monetária.

Classificação JEL: E52; E58.


Credibilidade e o projeto de agências reguladoras no Brasil
Bernardo Mueller, Carlos Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1261

Neste artigo, modelamos o processo de planejamento de agência reguladora, com foco no papel da credibilidade. O governo é limitado no sentido de que deve criar instituições reguladoras que lhe permitam comprometer-se a não expropriar administrativamente investidores. O modelo explica tanto a preferência do chefe da agência escolhida pelo governo quanto o nível ótimo de controle estatutário. Argumentamos que no Brasil essa troca entre credibilidade e controle das agências é essencial para entender as instituições reguladoras específicas que foram escolhidas. Os resultados estáticos comparativos são obtidos para examinar como as mudanças em algumas variáveis-chave afetam o planejamento das agências, fornecendo-nos um conjunto de hipóteses para comparar o projeto de cinco agências diferentes criadas para regular indústrias com características muito diferentes. Embora essas agências tenham sido criadas inicialmente com projetos muito semelhantes, espera-se que elas evoluam de maneiras que estejam de acordo com nossa teoria.

Classificação JEL: L5; K2; D82.


A Economia Política do Gênero: Determinantes da Divisão do Trabalho
Anita Kon
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1262

Este artigo examina algumas discussões recentes sobre divisão de trabalho entre gêneros que ocorrem no campo da economia política. Ele analisa abordagens teóricas que enfatizam a necessidade de uma teoria menos rígida, em seus limites disciplinares, e rejeita o conceito de Economia como uma entidade a-histórica e sem corpo. Discute a distribuição ocupacional de gênero, começando com um ponto de vista histórico sobre o desenvolvimento desse fenômeno e observando os impactos da demanda e da oferta de determinantes do mercado de trabalho, os efeitos da reestruturação econômica e as causas das diferenças salariais.

Classificação JEL: J01; J7; J16.


Prêmio de Risco Endógeno, Metas de Inflação e Câmbio Flexível: Implicações Dinâmicas da Hipótese Bresser-Nakano para uma Pequena Economia Aberta
José Luís Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1361

O objetivo deste artigo é analisar as implicações da hipótese de Bresser-Nakano, de que o prêmio de risco é positivo em relação à taxa de juros — ao longo do tempo, trajetórias de taxa de juros nominal e taxa de câmbio nominal em uma pequena economia aberta cujo regime de política econômica é caracterizada por taxas de câmbio flexíveis, metas de inflação e mobilidade de capital de curto prazo. No arcabouço teórico desenvolvido no artigo, podemos demonstrar que, no caso de um forte feedback positivo da taxa de juros nominal sobre o prêmio de risco, (i) existem múltiplos caminhos temporais da taxa de juros nominal e da taxa de câmbio nominal; (ii) todos esses caminhos são compatíveis com algum grau de estabilidade de preços e (iii) alguns desses caminhos, no entanto, estão relacionados a um aumento no déficit em conta corrente e/ou um aumento contínuo no déficit fiscal. A conclusão lógica desses resultados é que a conquista da conta corrente e do equilíbrio fiscal só pode ser obtida com uma mudança no regime da política econômica.

Classificação JEL: E4; E6; F32.


Múltiplos Equilíbrios
Persio Arida
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1363

Essa é a segunda nota de uma série de quatro notas escritas para estudantes nos debates sobre políticas atuais. Ela se concentra em um modelo simples de economia aberta, no qual existe uma probabilidade subjetiva de inadimplência na dívida interna. Sob certas condições, há mais de um par de juros/câmbio consistente com uma determinada meta de inflação. A dinâmica é explorada sob uma regra de comportamento simples, segundo a qual o Banco Central aumenta os juros se a inflação estiver acima da meta. São discutidos os efeitos do aperto fiscal, choques externos nas taxas de juros ou dívida soberana e mudanças esperadas no regime de conversibilidade.

Classificação JEL: E43.


Flutuação Cambial e Taxa de Juros no Brasil
João Sicsú
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1364

Este pequeno artigo mostra que desde 1999 a taxa de juros está correlacionada à volatilidade da taxa de câmbio no Brasil. Portanto, seria um dos motivos para não reduzir a taxa de juros no Brasil.

Classificação JEL: E52; E58; F31.


Risco-Brasil: O Efeito-Lula e os Efeitos-Banco Central
Joaquim Elói Cirne de Toledo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1362

Este breve artigo discute o comportamento do spread de risco soberano no Brasil desde a adoção de um regime de taxa de câmbio flutuante no início de 99. Os dados apresentados parecem apoiar a hipótese de efeitos perversos da política monetária doméstica sobre o risco-país. Por outro lado, os temores de uma inadimplência futura da dívida — provocada por pesquisas de eleição presidencial voláteis — parecem não explicar uma parte significativa do spread de risco, até muito recentemente. O autor está totalmente ciente da existência de uma literatura rica e crescente sobre o risco-país. Este artigo não é uma tentativa de adicionar novas peças de teoria ou evidência analítica rigorosa a essa literatura; seu único objetivo é dar uma pequena contribuição ao debate, apontando alguns fatores geralmente negligenciados que podem explicar o spread de risco soberano do Brasil. 

Classificação JEL: E43.

Documento


Uma Estratégia de Desenvolvimento com Estabilidade
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Yoshiaki Nakano
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572002-1246

A retomada do crescimento econômico após 20 anos de quase estagnação depende de uma estratégia de crescimento que combine estabilidade macroeconômica com políticas orientadas para o crescimento. O Plano Real estabilizou os preços, mas, como contrapartida, a taxa de juros disparou enquanto a taxa de câmbio permanece artificialmente apreciada. O principal desafio é reduzir a taxa básica de juros, que é consideravelmente mais alta que a dos países com classificação de risco-país semelhante. Existem várias razões para isso, incluindo pouca preocupação das autoridades monetárias em reduzir a taxa de juros, e a relação inversa entre a taxa de juros e o risco de default: a alta taxa de juros definida pelo Banco Central influencia em alta o risco-Brasil.

Classificação JEL: E4; E5; O54.