v. 20 n. 2 (2000): Apr-Jun / 2000


v. 20 n. 2 (2000)

Apr-Jun / 2000
Publicado em abril 1, 2000

Artigo


A articulação das políticas industrial e comercial nas economias em desenvolvimento contemporâneas: uma discussão analítica
André Luiz Nassif
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1072

O artigo discute a importância da conexão entre políticas industriais e comerciais
no atual processo de globalização da economia mundial. Apesar de inspiradas na recente
liberalização do comércio brasileiro, todas as questões analisadas aqui são basicamente teóricas.
O autor discute como a conexão entre políticas industriais e comerciais é analisada
nas teorias do comércio internacional, bem como como esta oferece argumentos teóricos
favoráveis às políticas industriais.

Classificação JEL: L52; F68.


A política da especialização na América Latina: antecedentes e atualidades
Laurence Whitehead
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1067

Todas as atividades públicas são, em certa medida, políticas, e todas exigem certas
habilidades especializadas, que podem ser chamadas de “conhecimentos”. Mas, com
o tempo e o espaço, o domínio especificamente “político” pode se expandir ou contrair.
Da mesma forma, o que conta como especialização e quanta autonomia será concedida
também varia ao longo do tempo e do espaço. Equitação, alfabetização, oratória, exegese
textual e uma compreensão dos derivativos financeiros globais foram considerados como
a marca do especialista moderno em um cenário ou outro. A relação entre o político “generalista”
e o especialista “expert” é um dos temas mais antigos e recorrentes na ciência
política. Regra eficaz e durável requer o alistamento de uma série de competências, mas o
governo não é redutível à técnica. Como então os governantes devem ser guiados por seus
conselheiros sem serem usurpados por eles?

Classificação JEL: J24; D72; D82.


Os Conceitos de Ajustamentos Ricardianos, Keynesianos e Schumpeterianos e a Questa?o do Emprego na Economia Brasileira
Silvia Harumi Toyoshima
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1083

O objetivo deste artigo é discutir a relação entre crescimento econômico, progresso
técnico e geração de emprego, utilizando conceitos neo-schumpeterianos sobre o processo
de ajustes disponíveis para todas as economias. Ele discute as possíveis trocas entre os
três tipos de ajustes mais importantes — “Ricardiano”, “crescimento” e “Schumpeteriano”
— que representam, de fato, trocas entre crescimento de curto e longo prazo. Com base nessa
concepção, discute os possíveis impactos da exploração de cada tipo de ajuste no nível
de emprego brasileiro. Além disso, identifica preliminarmente os segmentos produtivos a
serem estimulados, a fim de considerar simultaneamente a eficiência econômica e a geração
de emprego. A principal conclusão é que, para associar geração de emprego, crescimento
econômico e modernização, a economia brasileira deve investir não apenas nos segmentos
mais dinâmicos do novo paradigma tecnológico, mas também nos segmentos tradicionais,
porque possuem maior capacidade de geração de emprego.

Classificação JEL: O40; O30; J81.


O Modelo de Racionamento de Crédito e a Política Monetária Novo-Keynesiana: Uma Análise Crítica
Jennifer Hermann
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1091

O artigo discute e critica o modelo de racionamento de crédito (CRM) e seu uso
para apoiar a abordagem nova-Keynesiana da política monetária. Após analisar o funcionamento
do modelo nas diferentes fases do ciclo de negócios, conclui-se que: (i) na fase
ascendente, o equilíbrio do racionamento da demanda — que é uma condição para a recomendação
da política monetária anticíclica no âmbito do CRM — não é plausível como um
fenômeno macroeconômico, mas apenas no nível microeconômico; (ii) na fase descendente,
embora o racionamento da demanda seja um equilíbrio plausível, não ocorre pela razão
alegada pelo CRM (rigidez da taxa de juros), nem atua a favor do mecanismo de transmissão
da política monetária. Essas conclusões implicam a rejeição do CRM como base
teórica para a análise da política monetária, bem como da nova abordagem Keynesiana
sobre esse tema. Finalmente, argumenta-se que, no nível macroeconômico, a contribuição
teórica única do CRM é justificar intervenções “verticais” do governo nos mercados financeiros,
por meio de políticas de financiamento para setores ou projetos cujos riscos são mais
difíceis de estimar, notadamente, em infraestrutura. setores de infraestrutura, P&D e novas
tecnologias.

Classificação JEL: E12; G21; G31.


A Agenda do Keynesianismo Filosófico: Origens e Perspectivas
Rogerio P. de Andrade
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1074

Este artigo aborda o que chamo de keynesianismo filosófico, mapeando suas
origens históricas e analíticas e apontando suas perspectivas como uma referência alternativa.
Seu surgimento histórico está relacionado a alguns resultados de pesquisas teóricas e
metodológicas da escola pós-keynesiana de pensamento econômico. Uma suposição é feita
sobre o lugar apropriado que o keynesianismo filosófico terá no futuro, pois seu escopo de
investigação está se tornando muito mais abrangente e inclusivo do que a escola econômica
que o gerou. O artigo revisa algumas das principais contribuições desse novo campo de
investigação, como os livros de Carabelli, O’Donnell e Davis. Ele também procura reforçar
o caso de que, como é bastante claro na abordagem de Keynes à teorização econômica, a
economia deve ser vista como uma ciência moral e sócio-histórica, e não como uma ciência
natural, e que um estudo mais realista e relevante da economia fenômenos devem ser
baseados em algum tipo de pesquisa interdisciplinar.

Classificação JEL: B22; A12; A13.


O Debate entre Keynes e os “Clássicos” sobre os Determinantes da Taxa de Juros: Uma Grande Perda de Tempo?
José Luís Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1051

Este artigo apresenta o debate entre Keynes e os Clássicos em relação aos determinantes
da taxa de juros, com o objetivo de analisar se existe algum assunto teoricamente
relevante em discussão. Demonstramos que, ao contrário do que foi dito por muitos estudiosos
neoclássicos como Hicks, há uma importante questão teórica sendo discutida entre
Keynes e os Clássicos, que é o mecanismo pelo qual os planos de poupança e investimento
influenciam a taxa de interesse. Para os “Clássicos”, essas decisões têm influência imediata
sobre a taxa de juros, ou seja, o impacto imediato das variações de poupança e investimento
está sobre essa variável. Para Keynes, no entanto, o impacto imediato dessas variações
será sobre o nível de renda e emprego. Como resultado desse efeito, haverá uma alteração
no nível da taxa de juros. Essa mesma pergunta reaparece no debate entre Asimakopulos,
Kregel e Davidson; mas em um contexto diferente, é a consideração da propensão a economizar
como restrição financeira às decisões de investimento.

Classificação JEL: E12; E43.


Valores-Trabalho e Preços de Produção em um Sistema Econômico Sraffiano com Renda Extensiva
Marina Silva da Cunha, Rodolfo Hoffmann
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1094

Este artigo desenvolve uma extensão da abordagem de Sraffian, considerando
um modelo em que a economia é dividida em dois setores, o industrial e o agrícola. A partir
de um sistema em unidades físicas, é possível determinar valores de mão de obra e preços
de produção. O artigo analisa a determinação dos valores trabalhistas usando a sugestão
de Morishima, com programação linear. Demonstra-se que em um sistema econômico com
escassez de terras a existência de mais-valia positiva não é uma condição suficiente para
lucros positivos.

Classificação JEL: B51; D46.


A Convergência entre Evolucionismo e Regulacionismo
José Eli da Veiga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1258

O objetivo deste artigo é comparar os fundamentos de duas linhas teóricas que
têm sido frequentemente usadas na economia política: a evolucionista e a regulacionista. A
premissa básica é que essas duas linhas ainda estão intimamente ligadas aos seus respectivos
pais: as obras de Schumpeter e Marx. Ou seja, tanto suas semelhanças quanto suas
diferenças estão mais em seus códigos genéticos do que em suas adaptações ao ambiente
em que se desenvolveram: microeconomia neoclássica e macroeconomia keynesiana e kaleckiana.

Classificação JEL: B31; B14; B25; B51; B52.


As Megainstituições e a Instabilidade Financeira: Os Desafios para a Regulamentação Prudencial
Marcos Antonio Macedo Cintra, Maria Cristina Penido de Freitas
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1239

Este artigo analisa o processo recente de concentração financeira nos principais
países industrializados. Ele revela que a formação de grandes conglomerados financeiros
diversificados consolida os chamados “supermercados bancários ou financeiros de serviço
completo” nos Estados Unidos e o Allfinaz na Europa. Também avalia o papel desempenhado
por essas megainstituições na intensificação da instabilidade financeira devido ao
crescente risco moral potencial e ao risco sistêmico. Por fim, lida com as dificuldades enfrentadas
pelas autoridades na supervisão e controle desses megabancos.

Classificação JEL: G21; G34; L40.


A Natureza da Oferta Monetária: Comentários a respeito da Teoria de Basil Moore
Terezinha Saracini
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572000-1092

Basil Moore, em trabalhos recentes, desenvolve sua concepção de dinheiro endógeno.
Nas implicações, entenda que sua teoria apresenta incongruências em relação a
algumas partes da teoria de Keynes. Este artigo apresenta comentários sobre a visão horizontalista,
focalizando a incompatibilidade entre a preferência pela liquidez e a moeda
endógena, apontada por Moore.

Classificação JEL: E12; E51; E42.