v. 32 n. 4 (2012): Out-Dez / 2012


v. 32 n. 4 (2012)

Out-Dez / 2012
Publicado em outubro 1, 2012

Artigo


Lidando com a globalização: estratégias asiáticas versus latino-americanas de desenvolvimento, 1980-2010
Atul Kohli
Brazilian Journal of Political Economy

Quando comparadas à América Latina, as economias asiáticas desde 1980 cresceram mais rapidamente e o fizeram com desigualdades relativamente modestas. Por quê? Uma comparação entre a Ásia e a América Latina sublinha a superioridade do modelo capitalista nacionalista de desenvolvimento, que muitas vezes tem sido perseguido de forma mais explícita na Ásia, em comparação com o modelo capitalista dependente, frequentemente praticado na América Latina. Em comparação com a América Latina, o modelo asiático facilitou taxas de crescimento econômico mais altas e menos voláteis e um espaço político maior para a adoção de políticas social-democratas. A “raiz principal” desses caminhos alternativos é a relativa autonomia em relação às restrições globais: estados e economias na Ásia têm sido mais nacionalistas e autônomos do que na América Latina.

Classificação JEL: P51; O57.


Por que as taxas de juros são tão elevadas no Brasil? Uma avaliação empírica
José Luis Oreiro, Luiz Fernando de Paula, Guilherme Jonas Costa da Silva, Rafael Quevedo do Amaral
Brazilian Journal of Political Economy

This paper aims at exploring some hypothesis to explain why real interest rate and bank spread are so high. We argue that the interest rate problem and bank spread problem are connected. More precisely, one important cause of bank spread is the high level of BCB interest rate. So, the solution of interest rate problem, so that it can converge to the levels observed in other countries, will help to reduce bank spread, and doing so contributing to the reduction of the capital cost of the Brazilian economy.

JEL Classification: E22; E43; E44; E52.


Bancos alternativos: teoria e evidências da Europa
Kurt Von Mettenheim, Olivier Butzbach
Brazilian Journal of Political Economy

Desde a liberalização financeira na década de 1980, os bancos voltados para as partes interessadas, com maximização sem fins lucrativos, superaram os bancos privados na Europa. Este artigo baseia-se em pesquisa empírica, teoria bancária e teorias da empresa para explicar essa aparente anomalia para a política neoliberal e a teoria bancária contemporânea baseada no mercado. A realização de vantagens competitivas por bancos alternativos (bancos de poupança, bancos cooperativos e bancos de desenvolvimento) tem implicações significativas para concepções de mudança bancária, regulação e economia política.

Classificação JEL: G21.


Os pilares institucionais da política cambial e a industrialização nos anos 1930
Cesar Rodrigues Van der Laan, André Moreira Cunha, Pedro Cezar Dutra Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy

A década de 1930 constitui um marco no desenvolvimento econômico brasileiro, pois o processo acelerado de industrialização começou e se tornou a política doméstica dominante. Este artigo revisa este período, focando as mudanças institucionais nas transações de reestruturação cambial, para conter os fluxos financeiros e equilibrar os pagamentos externos.

Classificação JEL: N`1; N26.


Democracia e eficiência: a difícil relação entre política e economia no debate contemporâneo
Maria Rita Loureiro, Fernando Luiz Abrucio
Brazilian Journal of Political Economy

Muitos economistas vêem a política como uma atividade irracional. Eles também acham que a ação estatal geralmente gera ineficiências de mercado e instituições democráticas, como eleições, geralmente funcionam como obstáculos para medidas econômicas sólidas. Mostrando que a visão está incorporada às principais correntes do pensamento econômico desde o século passado, também argumentamos que essas idéias são exportadas para grande parte da ciência política contemporânea, incluindo a área de políticas públicas. Examinando a literatura, mostramos que cientistas políticos de escolha racional, como economistas, afirmam que governabilidade e decisões efetivas serão garantidas principalmente através de arenas concentradas ou de arranjos isolados capazes de proteger os formuladores de políticas contra interferências políticas. Em outras palavras, a governabilidade depende da redução das arenas políticas. Pelo contrário, rejeitamos essa solução tecnocrática de separar a política da economia. Com o apoio dos pensadores pluralistas clássicos, defendemos outra concepção, argumentando que a política é o espaço social privilegiado para a construção de interesses e valores de maneira institucionalizada. As dificuldades para superar as atuais crises internacionais desde 2008 revelam que este é um problema crucial: reduzir a política impediria as sociedades de melhorar soluções institucionais, as únicas capazes de dar espaço a conflitos emergentes e, então, chegar a um consenso em torno deles.

Classificação JEL: A1; B0.


Inflação de repasse cambial e diferenciais salariais nas economias em industrialização tardia: o caso mexicano
Teresa S. Lópes, Quadalupe Mantéy, Luis Quintana
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo investiga a inflação de repasse cambial e o processo de negociação salarial em uma economia em desenvolvimento na qual o poder de mercado das empresas depende em grande parte do progresso técnico incorporado nos intermediários e bens de capital importados. Desenvolve um modelo heterodoxo de distribuição de renda, baseado em contribuições teóricas de estruturalistas latino-americanos, segmentacionistas do mercado de trabalho e escritores pós-keynesianos, e apresenta evidências empíricas de apoio da economia mexicana.

Classificação JEL: E11; E12; E31; J31; O11.


A taxa de câmbio de equilíbrio industrial em 2000: uma estimativa
Nelson Marconi
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo apresenta uma metodologia para o cálculo da taxa de câmbio de equilíbrio industrial, definida como aquela que permite que os exportadores de manufaturados de última geração sejam competitivos no exterior. A primeira seção destaca as causas e os problemas das taxas de câmbio supervalorizadas, particularmente a questão da doença holandesa, que é neutralizada quando a taxa de câmbio atinge o nível de equilíbrio industrial. Esse nível é definido pela razão entre o custo unitário do trabalho no país em questão e nos países concorrentes. Por fim, estima-se a evolução dessa taxa de câmbio na economia brasileira.

Classificação JEL: F43; O11; O14; O24.


Teoria das finanças funcionais e o papel da política fiscal: uma crítica pós-keynesiana ao novo consenso macroeconômico
Gabriel Caldas Montes, Rômulo do Couto Alves
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo apresenta as abordagens críticas e elabora os argumentos que se opõem aos da Macroeconomia do Novo Consenso em relação à condução da política fiscal. Essas críticas e argumentos são baseados no pensamento pós-keynesiano e na teoria das finanças funcionais. A teoria das finanças funcionais é uma extensão da abordagem keynesiana, particularmente no que diz respeito às discussões sobre finanças públicas. Como apóia a teoria das Finanças Funcionais, os objetivos a serem perseguidos pela política fiscal devem sugerir a melhoria do bem-estar social como um todo, ou seja, o desempenho da inflação, o emprego e o produto devem ser levados em consideração pelos formuladores de políticas.

Classificação JEL: E12; E62; H63.


A internacionalização das empresas espanholas
Lídia Ruppert, Mario Augusto Bertella
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é apresentar o processo de internacionalização (tardia) das empresas espanholas ocorridas entre os anos de 1990 e 2000, seus determinantes e o grau de envolvimento do Estado nesse processo. Podemos destacar alguns fatores determinantes nesse processo, como: queda na rentabilidade do mercado interno, retração do mercado espanhol, perigo iminente de aquisição de empresas espanholas no mercado local devido à abertura comercial e financeira. Concluímos que esse processo não foi fortuito. Havia uma clara percepção do governo de que esse processo seria não apenas relevante, mas também necessário para a entrada da Espanha no cenário econômico e geopolítico internacional.

Classificação JEL: F21; F23.

Notas


Uma explanação gráfica de como a taxa sobre as exportações neutralizam a doença holandesa sem custo para os exportadores
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

A maneira adequada de neutralizar a doença holandesa é a imposição de um imposto variável sobre a exportação da mercadoria que originou a doença. Se esse imposto for equivalente ao "tamanho" da doença holandesa, ele mudará para a direita sua curva de oferta da mercadoria em relação à taxa de câmbio, fornecendo o sypply doméstico existente e a demanda internacional, a taxa de câmbio se depreciará em o valor do imposto e a taxa de câmbio do quiligrium passará do equilíbrio "atual" para o "industrial".

Classificação JEL: F31; F4; O11.