v. 25 n. 3 (2005): Jul-Set / 2005


v. 25 n. 3 (2005)

Jul-Set / 2005
Publicado em julho 1, 2005

Artigo


Uma interpretação das causas da desaceleração econômica do Brasil
Edmar Lisboa Bacha, Regis Bonelli
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo tem como objetivo explicar por que o crescimento do PIB do Brasil caiu após 1980. O PIB do Brasil cresceu 7% ao ano, de 1940 a 1980, mas apenas 2,5% ao ano desde então. Os aumentos no preço relativo do investimento, que reduziram o poder de compra da poupança, associados à queda na produtividade do capital, parecem ter sido os fatores mais importantes por trás da perda de dinamismo observada. A conclusão provisória é que as políticas econômicas voltadas para o interior desde os anos 1970 e, talvez, já nos anos 50, tiveram implicações negativas de crescimento a longo prazo, agravadas pelas políticas populistas nos primeiros anos da redemocratização pós-1984.

Classificação JEL: 047; 054


A substituição de Importações no Brasil entre 1995 e 2000
Ana Maria de Paiva Franco, Renato Baumann
Brazilian Journal of Political Economy

Este trabalho estima o processo de substituição de importações nos setores industriais brasileiros em um período recente e avalia se está ocorrendo naturalmente ou é em parte induzido por algum tipo de política comercial externa. Um índice para medir a substituição de importações foi calculado para quarenta e nove setores da indústria. Uma análise de regressão com esse índice em relação às tarifas efetivas e taxa de câmbio efetiva real, durante o período 1995-2000, mostra que essas variáveis (tarifas efetivas e taxas de câmbio efetivas reais) afetaram o índice de substituição. A partir de 1999, a influência da taxa de câmbio sobre o índice de substituição de importações foi superior à influência da tarifa efetiva, sugerindo que o processo de substituição de importações após a depreciação da moeda brasileira ocorrida em 1999 contenha elementos que a caracterizem como "natural" processo.

Classificação JEL: F13; F14


A crise da dívida: uma reavaliação
Carlos Alberto Cinquetti
Brazilian Journal of Political Economy

A crise da dívida dos anos 80 é um marco no crescimento e na estabilização das economias em desenvolvimento. De acordo com os artigos empíricos mais citados, choques e vicissitudes externas deram origem a crises justamente por atrasos nas políticas de estabilização, gerados por conflitos internos e imaturidade institucional. Reviso alguns desses documentos e descubro alguns problemas - na mensuração de choques e endividamento externo, a saber - cujas correções levam a resultados opostos: choques externos e endividamento externo explicam essa crise independentemente das políticas domésticas. Ao mesmo tempo, a forte correlação da distribuição de renda com as mudanças nos termos de troca e o endividamento externo sugere que a desigualdade pode ter contribuído de maneira diferente para a crise: seja por um canal econômico ou por um canal político baseado em atrasos nas reformas.

Classificação JEL: F34; F42; E61; 011; 057


O dólar e os desequilíbrios globais
Luiz Gonzaga Belluzzo
Brazilian Journal of Political Economy

A expansão global do capitalismo sob hegemonia americana na segunda metade do século XX mudou a divisão internacional do trabalho e o esquema de centro-periferia proposto sob a hegemonia britânica. Sob a nova divisão internacional do trabalho, os Estados Unidos são forçados a gerar um déficit crescente em sua conta comercial, a fim de acomodar a expansão "mercantilista" dos países asiáticos, produzida pela transnacionalização do grande capital, sob a égide americana. Essa forma de articulação econômica global está na raiz da ruptura do sistema de Bretton Woods e da crescente liberalização financeira imposta pelo poder hegemônico sobre outros países desde os anos 80.

Classificação JEL: E6; F02; F4


Mudança em tempos de globalização: o capitalismo não é mais progressista?
José Ricardo Tauile, Luiz Augusto Estrella Faria
Brazilian Journal of Political Economy

O progresso técnico e o desenvolvimento econômico são promoções do capitalismo, diz uma ideia bem conhecida por este meio contradita. Mudanças recentes no neoliberalismo mostram que quanto mais liberdade de movimento para o capital, menor o desenvolvimento de forças produtivas. Não houve sincronicidade e coerência para promover o crescimento econômico entre as mudanças no nível micro das inovações tecnoprodutivas e gerenciais e aquelas no nível macro das estruturas institucionais e da política econômica. O empoderamento do capital financeiro e dos monopólios lhes deu a oportunidade de controlar o Estado e definir sua política econômica para apoiar a acumulação fictícia de capital e governar a reestruturação da gestão corporativa. A redistribuição excedente que favorece o capital financeiro é um fardo a ser suportado nas estruturas produtivas da sociedade, diminuindo o investimento, o emprego e o crescimento. Ao enfocar a América Latina e o Brasil, o mesmo quadro é visto, agravado pela fragilidade externa que aprofunda a dependência histórica.

Classificação JEL: P17; O49; B15


Qual o valor do auto-interesse?
Celia Lessa Kerstenetzky
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo analisa criticamente as justificativas passadas e atuais para o uso teórico da suposição comportamental de interesse próprio, explicativo, normativo, representacional e crítico, enfocando a função crítica. Este último emerge de uma incursão na história moderna das idéias e pode ainda ser mostrado para fertilizar uma série de abordagens econômicas contemporâneas.

Classificação JEL: B12; B21; B41; B52


Historicidade, entropia e não-linearidade algumas aplicações possíveis na ciência econômica
Alain Herscovici
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é definir a historicidade em ciências econômicas aplicando os princípios da entropia e do indeterminismo metodológico. Isso implica a definição de dois tipos de universos econômicos: um caracterizado pela ergodicidade e reversibilidade do tempo e dos processos e o outro pelas propriedades opostas. A primeira parte tratará da construção do objeto de estudo e da natureza da análise apropriada desses dois universos. Levando em consideração essa dicotomia, a segunda parte examinará suas implicações no que diz respeito à natureza do equilíbrio, às propriedades de estabilidade e instabilidade e ao fechamento dos sistemas.

Classificação JEL: B4.


Concorrência fiscal inter jurisdicional uma revisão da literatura e recomendações de políticas
Sergio Guimarães Ferreira, Ricardo Varsano, José Roberto Afonso
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo analisa a literatura sobre concorrência fiscal. Consideramos a concorrência de impostos e despesas em um cenário mais geral, em que diferentes jurisdições dentro de uma federação podem competir no fornecimento de bens públicos para atrair alguns residentes (Tiebout (1956)) e expulsar outros (Brueckner (1999); e / ou Para os negócios, abordamos a vasta literatura sobre ganhos ou perdas de bem-estar desses tipos de competição e, em seguida, discutimos as evidências empíricas, concentrando-nos em estimativas da sensibilidade dos fatores de produção aos diferenciais tributários e na importância da interdependência estratégica entre jurisdições. Combinamos estudos econométricos com alguns estudos de caso e, finalmente, discutimos o design de mecanismos para lidar com a concorrência fiscal, especialmente em um ambiente mais global, onde os fatores se tornam mais móveis.

Classificação JEL: H77; H73; F2