v. 24 n. 1 (2004): Jan-Mar / 2004


v. 24 n. 1 (2004)

Jan-Mar / 2004
Publicado em janeiro 1, 2004

Artigo


Sobre Sistemas Abertos
Victoria Chick
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1638

Para muitos, a economia é vista como cada vez mais divorciada da realidade. Argumentarei que uma das causas desse divórcio é o apego à teorização de sistemas fechados e defenderei, em vez disso, o método de sistemas abertos com fechamentos parciais e temporários. Definições de sistemas fechados e abertos são examinadas. É evidente que existem muitos critérios diferentes que podem definir sistemas abertos. Os teóricos diferem em sua ênfase em um ou outro critério. Existem também diferentes dimensões de abertura: abertura a fatores não econômicos; a abertura das próprias teorias econômicas; a interação da micro e macroeconomia; e o tratamento do tempo. Estes são explorados, usando a teoria geral de Keynes como um estudo de caso de um sistema aberto.

JEL Classification: A10; B31; B40; B50; E12.


Elementos para uma economia política das reformas no Governo Lula
Edmar Lisboa Bacha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1637

Sob a hipótese de que as reformas estruturais são positivas para a economia, argumenta-se que, em um governo de “direita”, existe um equilíbrio estável da economia política: algumas reformas são feitas e a economia tem um desempenho mediano. Em um governo de “esquerda”, esse equilíbrio mediano é instável. Uma situação de duplo equilíbrio é caracterizada: o governo ou tem sucesso total ou falha miseravelmente. A conclusão é que o sucesso do governo Lula dependerá do resultado de uma corrida entre a queda de sua popularidade, por um lado, e a melhora da economia, por outro.

Classificação JEL: E61; E65; O11; O54.


Independência da política monetária e taxas de câmbio flutuantes: o que as evidências brasileiras nos dizem?
Carlos Eduardo Soares Gonçalves
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1636

Alguns autores defendem que a mudança de taxas de câmbio fixas para regimes flutuantes não produziu melhores resultados econômicos para os países em desenvolvimento. De acordo com esse argumento, o medo generalizado de flutuar nessas economias impediu quedas nas taxas de juros reais e, mais importante, tem sido um obstáculo no caminho para uma maior autonomia da política monetária. Este artigo apresenta evidências sugerindo que isso pode não ser o caso do Brasil. Mais precisamente, há sinais de que o medo de flutuar era menos agudo aqui (presumivelmente devido à baixa taxa de câmbio) do que em outros lugares, e também que os formuladores de políticas estão agora direcionando a política monetária principalmente para os objetivos domésticos.

Classificação JEL: E5; E58.


Fugindo da restrição da dívida ao crescimento: uma política monetária sugerida para o Brasil
Thomas I. Palley
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1635

As taxas de juros existentes implicam dinâmicas de dívidas explosivas para o Brasil. Ele também enfrenta inflação crescente das depreciações cambiais anteriores, o que poderia provocar uma depreciação futura. Essas condições impõem uma contradição política. O Brasil precisa de taxas de juros menores para a sustentabilidade da dívida, mas uma política monetária rígida para evitar a depreciação da taxa de câmbio e a inflação. O artigo desenvolve uma estratégia para escapar dessa contradição. A política deve reforçar a confiança dos investidores para reduzir as taxas de juros externas, reduzir as taxas de juros domésticas para reduzir os encargos do serviço da dívida e implementar controles internos de criação de crédito para controlar a inflação.

Classificação JEL: E40; E44; F30; F40.


Política e reformas fiscais no Brasil recente
Maria Rita Loureiro, Fernando Luiz Abrucio
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1634

Este estudo enfoca o quadro econômico e político em que ocorreram mudanças fiscais no Brasil nas duas últimas décadas, no contexto geral da reforma do Estado. A ênfase é dada às reformas do governo Cardoso, que são examinadas não apenas do ponto de vista macroeconômico, mas também do ponto de vista da responsabilidade democrática. Sem desconsiderar o papel das conjunturas críticas, o artigo também enfatiza a natureza incremental dessas reformas e indica que as bem-sucedidas ocorrem de forma gradual e que cada passo dado influência o caminho a seguir.

Classificação JEL: E6; E61.


Eficiência seletiva: uma perspectiva neo-schumpeteriana evolucionária sobre questões econômicas normativas
Mario Luiz Possas
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1633

Este trabalho pretende abordar um campo quase completamente desconsiderado na economia evolucionária neo-schumpeteriana: a teoria normativa e as questões de política de concorrência. A quantidade de modelagem e teorização apreciativa que foi produzida sob esta abordagem já é impressionante, mas falta um esforço correspondente em implicações normativas da teoria. Depois de discutir as limitações das ferramentas estáticas de eficiência de Pareto para análise e política de concorrência, especialmente em antitruste, algumas contribuições escassas para eficiência dinâmica e conceitos relacionados são brevemente revisadas. Por fim, um conceito alternativo de eficiência dinâmica denominado “eficiência seletiva”, enfocando a eficiência do mercado como um ambiente seletivo (apud Nelson & Winter), é apresentado e as linhas básicas de uma possível estrutura analítica para sua aplicação são sugeridas.

Classificação JEL: D60; O33.


Economia da informação, redes eletrônicas e regulação: elementos de análise
Alain Herscovici
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1632

Este trabalho tem como objetivo analisar os diferentes componentes da chamada nova economia. A primeira parte, essencialmente teórica, trata das várias concepções sobre a natureza e o papel da informação no funcionamento dos mercados. A segunda parte mostra as características microeconômicas das redes eletrônicas, avaliando suas propriedades competitivas. Na terceira parte, após delinear o atual regime de acumulação, é discutida a relação entre o desenvolvimento de redes e a implementação de um novo modo de regulação. Quanto a este assunto, são oferecidas interpretações alternativas do paradoxo de Solow.

Classificação JEL: D82; L86; O38.


Moeda única no Mercosul
Helder Ferreira de Mendonça, Anabel da Silva
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1631

Atualmente, influenciados pela experiência europeia, vários economistas brasileiros têm dado atenção especial à possibilidade de uma união monetária entre os países do Mercosul. Este trabalho faz uma breve análise dos principais aspectos teóricos que representam a base para a proposição de uma área monetária. Além disso, o artigo mostra duas visões distintas na literatura nacional sobre a hipótese da criação de uma área de moeda para o Mercosul. A principal conclusão deste artigo é que a proposta mencionada acima não é viável, porque os custos da coordenação macroeconômica são muito altos.

Classificação JEL: E42; F33.


Rumo a uma estratégia de crescimento favorável aos pobres para países de renda media: um comentário sobre Bresser-Pereira e Nakano
Alfredo Saad Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1630

Este artigo baseia-se em Bresser-Pereira e Nakano (2003), a fim de delinear uma estratégia de crescimento favorável aos pobres para os países de renda média. Essa estratégia evita as armadilhas do modelo neoliberal implementado em vários países no rescaldo da crise da dívida internacional de 1982 e é propício à distribuição de renda e ao crescimento sustentável simultaneamente.

Classificação JEL: I3; H5; Z18.


Economia e instituições no Governo Kubitschek
Newton Paulo Bueno, José Heleno Faro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-1629

Este artigo procura incorporar um dos avanços teóricos mais recentes da economia institucional à análise da evolução institucional do Brasil no período 1956/1961: um modelo de escolha racional endógena para a dinâmica institucional. O período Kubitschek foi escolhido porque foi um momento da nossa história recente, onde se tentou implementar mudanças institucionais significativas em nossas instituições políticas, econômicas e sociais, buscando acelerar o ritmo do processo de industrialização. As instituições implantadas, no entanto, não apresentaram a propriedade de autofortalecimento, nem no sentido fraco, nem no sentido forte (termos definidos no artigo), sendo este assunto prejudicado por processos endógenos. Esse arranjo institucional, portanto, inicialmente capaz de se sustentar em condições de rápida industrialização com relativa estabilidade de preços, foi progressivamente enfraquecido, tornando - se auto - exequível somente em condições de estagnação econômica e inflação acelerada. Por fim, argumenta-se que a análise delineada acima pode ser útil para entender um pouco melhor a natureza geral dos processos de mudança institucional.

Classificação JEL: N16; N46.