v. 23 n. 1 (2003): Jan-Mar / 2003


v. 23 n. 1 (2003)

Jan-Mar / 2003
Publicado em janeiro 1, 2003

Artigo


Correlacão Feldstein-Horioka: indicador de mobilidade de capitais ou de solvência?
Fabiana Rocha
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-0702

O objetivo deste trabalho é utilizar os modelos macro abertos intertemporais, e os testes econométricos de solvência derivados deles, para analisar a correlação original de poupança-investimento de Feldstein e Horioka. A restrição de solvência implica que a poupança e o investimento são cointegrados com um coeficiente de um e, portanto, que a conta corrente é estacionária. Como a regressão da seção transversal de Feldstein-Horioka mede o coeficiente médio de longo prazo, é possível argumentar que ela está capturando o coeficiente unitário implícito na restrição de solvência e não alguma medida de mobilidade de capital.

Classificação JEL: C23; F31.


Endogeneidade de risco país, fluxos de capital e controles de capital no Brasil
Flávio Vieira, Márcio Holland
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-0703

O principal objetivo do artigo é analisar a relação entre fluxos de capital, risco país, controles de capital e diferencial de taxas de juros no Brasil desde meados dos anos 90. Sabemos quão polêmico é o papel e a eficácia dos controles de capital durante os episódios de crises, e como os países emergentes podem ficar presos em um círculo vicioso expresso através do comportamento de duas variáveis cruciais: o risco-país e a taxa de juros. Os resultados empíricos sugerem que o diferencial de taxa de juros é endógeno ao risco país, explicado principalmente quando consideramos a existência de uma probabilidade de inadimplência no contexto de uma alta dívida pública.

Classificação JEL: F30; E43; E44.


O crash de 2002: da “exuberância irracional” à “ganância infecciosa”
Maryse Farhi, Marcos Antonio Macedo Cintra
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-0704

Este artigo é uma tentativa de discutir as repercussões macroeconômicas da desinflação de uma bolha especulativa nos mercados de ações e de uma tendência de baixo preço estabelecida. Esta tendência de baixo preço como compreendem recomendações de analistas financeiros, balanços de empresas, empresas de auditoria e agências de notação de crédito dificultam a precificação de ativos, afetam a confiança dos agentes financeiros e contaminam suas expectativas. A crise de confiança provocada por essas revelações pode potencialmente impactar o crescimento econômico dos países desenvolvidos, começando pelos EUA, elevando a aversão ao risco por parte dos investidores e acionando mecanismos reforçados de regulação e supervisão em detrimento dos autorreguladores que vinham prevalecendo até o momento presente.

Classificação JEL: F65; G14; G23.


Crescimento econômico limitado pela balança de pagamentos no Brasil
Frederico Gonzaga Jayme Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-0708

Este artigo aplica o modelo de restrição de balança de pagamentos de Thirlwall ao crescimento econômico brasileiro no período 1955-98, usando a técnica de cointegração. De acordo com Thirlwall (1979) e MacCombie e Thirlwall (1994), as diferenças no crescimento econômico de longo prazo entre os países podem ser explicadas por uma teoria do crescimento econômico induzida pela demanda. O modelo é testado na economia brasileira após a decolagem industrial em 1955 até 1998, usando a técnica de cointegração e uma representação de correção de erro vetorial (VEC) para encontrar as respostas dinâmicas das exportações ao PIB. Os resultados mostram que há uma cointegração positiva entre o crescimento das exportações e o crescimento econômico de longo prazo no Brasil, o que sustenta o fato de fatores externos restringirem o crescimento econômico brasileiro. 

Classificação JEL: E12; O10.


Progresso tecnolo?gico, termos de troca e desenvolvimento desigual
José Luís Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-0711

Este artigo apresenta uma versão modificada do modelo de crescimento de dois setores de Dutt, com o objetivo de demonstrar a existência de uma relação inversa entre o declínio nos termos de troca e o desenvolvimento desigual entre o Norte e o Sul. Mostra-se que no caso em que o progresso tecnológico é reversível, no sentido de que as empresas do Norte podem reverter à adoção de tecnologias intensivas no uso de bens primários fabricados no Sul, essa reversão foi induzida pelo declínio dos termos de troca; esse declínio será seguido por uma redução, não por um aumento, no estoque de capital no Norte em relação ao estoque de capital no sul. Este resultado é uma generalização do modelo de Dutt, que considera uma situação em que o progresso tecnológico é irreversível.

Classificação JEL: O1; O11; O41.


Independência do Banco Central e coordenação de políticas: vantagens e desvantagens de duas estruturas para estabilização
Helder Ferreira de Mendonça
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-7012

Hoje em dia, a sabedoria convencional ortodoxa acredita que a adoção de um banco central independente melhora o alinhamento da política fiscal com a política monetária e, assim, aumenta a coordenação entre as autoridades fiscais e monetárias. No entanto, a ideia de coordenação não pode ser reduzida a isso. Este trabalho faz uma breve análise sobre as vantagens e desvantagens da independência da proposta e coordenação do banco central entre as políticas monetária e fiscal. Os resultados denotam que a coordenação de políticas é uma estrutura melhor para alcançar os diversos objetivos macroeconômicos.

Classificação JEL: E52; E58; E61.


Um estudo empírico da poupança privada no Brasil
Claudio Paiva, Sarwat Jahan
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-0714

Este artigo fornece uma análise empírica dos determinantes da poupança privada no Brasil durante 1965-2000. Nossas estimativas indicam que o grau de compensação entre poupança privada e pública é relativamente alto, de acordo com as evidências de outros países latino-americanos, embora possa ter começado a declinar nos últimos anos. De qualquer forma, a política fiscal é identificada como um dos principais instrumentos para promover o tão necessário aumento da poupança nacional no Brasil. O apoio adicional à poupança pode vir de reformas continuadas do mercado financeiro e diversificação do comércio.

Classificação JEL: E21; E22.


Sobre a intencionalidade da política industrializante do Brasil na década de 1930
Pedro Cezar Dutra Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-0720

A partir das contribuições de teóricos institucionais, a proposta generalizada, iniciada com o trabalho de Celso Furtado, de que o expressivo crescimento da indústria de transformação brasileira na década de 1930 aconteceu sem intenção ou consciência da administração federal, pois derivou da política de defesa da exportação do café, é criticada. Por isso, depois de reconstruir o pensamento de Furtado sobre o assunto, argumentamos que naquela década havia evidências empíricas suficientes para mostrar a intenção e a administração em direção à industrialização, de modo que não possa ser considerado um mero “subproduto” das políticas monetária e cambial a defesa da economia cafeeira.

Classificação JEL: N16; N26; O14; O43; O54.

Notas


Déficit nominal ajustado à inflação: uma nota sobre a definição de Robert Barro
Viviane Luporini
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572003-0725

Esta nota discute o conceito de “déficit nominal ajustado pela inflação” proposto por Robert Barro à luz de um déficit real consistente em fluxo de ações. Argumenta-se que o cálculo proposto pelo autor viola o princípio da consistência estoque-fluxo e leva à interpretação errônea de que um aumento na taxa de inflação diminui o déficit do governo em termos nominais.

Classificação JEL: E31; E62.

 


O embuste brasileiro e o maior problema monetário internacional
James K. Galbraith
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572004-0709

O recente empréstimo do FMI para o Brasil é o mais bem visto como um mecanismo de controle político e não de assistência econômica, exceto em um curto prazo muito insustentável. Assim, escolhas difíceis entre as prioridades da população trabalhadora brasileira e as dos credores internacionais não podem ser evitadas. Este ensaio explora as opções políticas, e continua sugerindo que, embora o setor financeiro esteja certo de dominar a discussão política americana nesses assuntos, seria mais sensato ver o interesse econômico nacional mais amplo dos Estados Unidos alinhado com aqueles que defendem o desenvolvimento nacional sustentável no Brasil.

Classificação JEL: F34.