v. 21 n. 2 (2001): Apr-Jun / 2001


v. 21 n. 2 (2001)

Apr-Jun / 2001
Publicado em abril 1, 2001

Artigo


Governança comercial no Brasil e na África do Sul: quanta convergência para o modelo anglo-saxão?
Andrea E. Goldstein
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1247

O efeito da globalização nas estratégias econômicas e políticas nacionais é um tema central na análise de políticas. No centro desse debate está a governança de negócios, interpretada neste documento em um sentido amplo como as leis, regras e rotinas que governam as grandes empresas. Segundo a sabedoria convencional, os padrões internacionais de governança de negócios estão convergindo para o chamado modelo anglo-saxão, orientado pelo mercado de capitais. Neste artigo, analiso mudanças recentes no Brasil e na África do Sul, para concluir que os modelos de governança de negócios devem ser vistos em conjunto com os fundamentos institucionais da economia. Isso inclui tradições jurídicas que dificilmente sofrerão mudanças rápidas, outras características institucionais diretamente relacionadas às maneiras pelas quais primeiro competem na economia global e os mecanismos pelos quais os atores sociais resistem a mudanças adversas aos seus interesses.

Classificação JEL: K22; G34.


Reconhecimento social da moeda: observações sobre a inflação e a estabilização de preços no Brasil
Maria de Lourdes R. Mollo, Alfredo Saad Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0000-0002-6625-2273

Este artigo trata de dois aspectos da inflação: conflito distributivo e o papel do dinheiro extra. Nesse contexto, o artigo discute algumas características do processo inflacionário no Brasil, dificuldades de reprodução da moeda durante o processo inflacionário e quais foram os aspectos que foram resolvidos pelo Plano Real. Por fim, são abordadas as perspectivas do Plano Real.

Classificação JEL: E51; B51; F31.


A política da privatização das telecomunicações no Brasil
Maria Hermínia Tavares de Almeida
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1258

O artigo discute a política das políticas de privatização das telecomunicações no Brasil. Argumenta que suas características resultam de um processo de reforma completamente negociado, explicado pelo cenário institucional que define uma estrutura específica de pontos de veto e pelas concepções predominantes, entre membros da coalizão governante, sobre o papel econômico adequado do Estado. Na primeira parte, são rapidamente apresentadas as condições do setor de telecomunicações anteriores à privatização, a política de privatização e seus resultados. Na segunda parte, são resumidas as ideias sobre o papel econômico do Estado subjacente ao debate sobre a privatização de empresas estatais. Na terceira parte, discute o processo político pelo qual a privatização das telecomunicações se concretizou, enfatizando o papel das instituições e dos atores relevantes.

Classificação JEL: K23; L33; L96.


Existe um link ideológico entre o Neopopulismo e o Neoliberalismo?
Victor Armony
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1237

Este artigo trata do ressurgimento do populismo na América Latina e, em particular, dos fundamentos ideológicos desse fenômeno. Inesperadamente, o populismo ressurgiu em vários países, como Argentina e Peru, na sequência de reformas neoliberais drásticas e abrangentes. Essa nova situação exige uma reinterpretação do fenômeno populista. O autor afirma que o neoliberalismo e o neopopulismo estabeleceram um forte elo no nível ideológico. Para fornecer evidências empíricas para essa hipótese, um corpus do discurso presidencial de Carlos Menem foi analisado. O autor conclui sugerindo que o próprio neoliberalismo tende a estimular tendências populistas na sociedade. 

Classificação JEL: D72; Z13; E61.


Salário Mínimo, “Efeito-Farol” e Pobreza
Marcelo Neri, Gustavo Gonzaga, José Márcio Camargo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1264

Este artigo avalia a efetividade da política de salário mínimo em vários segmentos do mercado de trabalho brasileiro. Nossa técnica básica é quantificar as soluções de canto impostas pelo salário mínimo. Esses pontos são posteriormente utilizados como um mecanismo de focalização na simulação dos limites superiores dos efeitos do salário mínimo nas medidas de pobreza. Destacamos a importância de dois efeitos incomuns do salário mínimo: i) A alta porcentagem de funcionários informais que recebem exatamente um salário mínimo, isso aumenta os efeitos do mínimo sobre a pobreza; e ii) o uso do salário mínimo como numerário na determinação de salários, em particular no setor formal. 

Classificação JEL: J31; J38.


A crise da Leste Asiático no modelo Kindleberger-Minsky
Omar F. Saqib
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1462

O artigo analisa a crise do leste asiático de 1997 no âmbito dos cinco estágios de deslocamento, crescimento, excesso de comércio, repulsa e tranquilidade do modelo Kindleberger-Minsky. Além disso, observa que as recentes interpretações da crise, baseadas nas hipóteses de desequilíbrios fundamentais e pânico financeiro, estão de acordo com os estágios do modelo Kindleberger-Minsky.

Classificação JEL: F31; F32.


Teoria dos custos de transação e abordagens evolucionistas: análise e perspectivas de um programa de pesquisa pluralista
Huáscar Fialho Pessali, Ramón García Fernández
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-0988

A Teoria dos Custos de Transação tem sido considerada a “nova ortodoxia” da teoria da firma, e também é a razão de ter sido amplamente criticada por diferentes escolas de pensamento econômico. No entanto, parece haver sinais de complementaridade entre o TCT e as abordagens evolutivas da empresa. Algumas supostas interfaces são discutidas aqui, a fim de sugerir novas direções para uma agenda de pesquisa sobre a teoria da empresa, dentro de uma estrutura pluralista.

Classificação JEL: B25; D21.


Taxa de juros, preferência pela liquidez e fundos de empréstimo: uma análise crítica das tentativas de demonstração da equivalência entre a teorias dos fundos de empréstimos e de preferência pela liquidez
José Luís Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1010

Este artigo apresenta as tentativas de demonstrar a equivalência entre fundos de empréstimo e teorias de taxa de juros sobre preferências pela liquidez feitas por Hicks, Lerner, Tsiang e Patinkin, a fim de mostrar que essas tentativas não foram bem-sucedidas. Isso ocorre porque essas tentativas começaram com concepções erradas sobre quais são as questões em discussão no debate entre fundos de empréstimo e teorias de preferências pela liquidez ou porque elas deturparam uma ou outra das duas teorias. De fato, as tentativas de Hicks e Patinkin desconsideram o fato de que o essencial neste debate foi o mecanismo pelo qual as decisões de poupança e investimento influenciam na determinação da taxa de juros. Por outro lado, as tentativas de Lerner e Tsiang deturpam a relação entre poupança e investimento e o motivo financeiro da demanda por dinheiro que é suposto pelas duas teorias. 

Classificação JEL: B22; E12.


Tecnologia, Organizações e Produtividade: Lições do Paradoxo de Solow
Francisco Lima Cruz Teixeira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1189

O objetivo deste trabalho é discutir a relação entre difusão de tecnologia, mudanças organizacionais e crescimento da produtividade. A literatura teórica e empírica sobre a relação entre difusão de tecnologia da informação (TI) e crescimento da produtividade é revisada, com foco no Paradoxo de Solow. É adotada uma abordagem que tenta explicar esse paradoxo sob a perspectiva da difusão de inovações tecnológicas e organizacionais. Nas conclusões, são apresentadas considerações sobre políticas públicas para lidar com as novas tecnologias.

Classificação JEL: O41; O10.


Determinismo e livre arbítrio nas ciências sociais: contributos matemáticos
Francisco Louçã
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572001-1157

O artigo examina algumas das críticas poderosas desenvolvidas contra o paradigma do equilíbrio geral, em particular aquelas que foram apresentadas do ponto de vista de novas ideias da matemática e da física. Maxwell, Duhem, Poincaré, Hurst e Mandelbrot, como muitos outros, contrastaram o universo da simplicidade – a base do teorema do limite central e a maior parte da inferência estatística tradicional – com o universo da complexidade organizada, argumentando que a auto-poiese e a coordenação são realmente características gerais de nossos sistemas físicos ou sociais. O impacto dessas discussões em economia é apresentado, pois algumas críticas à teoria do equilíbrio geral e, em particular, ao programa da Comissão Cowles emergiram dessa intuição sobre a complexidade: Sims, Granger, Wold, Hendry e outros economistas, estatísticos ou matemáticos expressaram suas reservas em relação à tradição e cultura ortodoxas em nossa ciência. As estratégias heterodoxas atuais são discutidas na última parte do artigo.

Classificação JEL: B41; B00.