v. 35 n. 2 (2015): Abr-Jun /2015


v. 35 n. 2 (2015)

Abr-Jun /2015
Publicado em abril 1, 2015

Artigo


Desequilíbrios macroeconômicos e financeiros crônicos na economia mundial: uma visão metaeconômica
Robert Guttmann
Brazilian Journal of Political Economy

As finanças globais, combinando bancos offshore e bancos universais para impulsionar um processo mais amplo de globalização, transformaram o modus operandi da economia mundial. Isso requer uma nova estrutura "metaeconômica", na qual os fluxos de investimento de portfólio de curto prazo são tratados como o fenômeno dominante em que se tornaram. Organizados pelas finanças globais, esses fluxos bidirecionais em camadas entre o centro e a periferia gerenciam uma tensão entre concentração financeira e fragmentação monetária. Os desequilíbrios resultantes expressam as assimetrias embutidas nessa tensão e tornam a taxa de câmbio uma variável política mais estratégica do que nunca.

Classificação JEL: F32; F33; F44.


A desindustrialização Brasileiro: a financeirizacão não é culpada
Mylène Gaulard
Brazilian Journal of Political Economy

A financeirização da economia brasileira é frequentemente criticada por ser responsável pela desaceleração da acumulação de capital neste país. De fato, são mantidas taxas de juros muito altas para financiar a dívida pública, e isso incentiva os capitalistas a obter mais títulos do Tesouro do que a investir na área produtiva. No entanto, a evolução da taxa de lucro nessa área também explica a relação particular existente entre capitalistas, finanças e investimento produtivo, como Marx demonstrou mais de um século atrás.

Classificação JEL: E11; E22; N16.


A tradição estruturalista em economia: aspectos metodológicos e macroeconômicos
Fabricio Missio, Frederico Gonçalves Jayme Jr., José Luis Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo examina a tradição estruturalista em economia, enfatizando o papel que as estruturas desempenham no crescimento econômico dos países em desenvolvimento. Como o assunto em questão é evidentemente grande demais para ser abordado em um único artigo, enfatizou-se os elementos macroeconômicos de tal tradição, além de explorar seus aspectos metodológicos. Começa analisando alguns aspectos gerais do estruturalismo em economia (sua evolução e origens) associados ao pensamento da CEPAL, focalizando, nesse caso, a dinâmica da relação centro-periferia. Posteriormente, é apresentado o estruturalismo macroeconômico derivado dos trabalhos de Taylor (1983, 1991), seguido de uma apresentação do neo-estruturalismo. Centrada no conceito de competitividade sistêmica, essa abordagem define uma estratégia para alcançar o alto caminho da globalização, entendido aqui como um processo inevitável, apesar de seu envolvimento ser dependente das políticas adotadas. As conclusões mostram as contribuições genuínas dessa tradição para a teoria econômica.

Classificação JEL: B22; F43; O12.


Neoliberalismo e mobilidade global de capital: uma reconsideração necessária da teoria do comércio de livros didáticos
Kunibert Raffer
Brazilian Journal of Political Economy

A teoria dos livros didáticos ignora os fluxos de capital: o comércio determina as taxas de câmbio e a especialização. São necessárias abordagens que levem em consideração adequadamente os efeitos dos movimentos de capital e uma nova teoria da política econômica, incluindo medidas para proteger a economia real da volatilidade externa. Os mecanismos de equalização dos livros didáticos não podem funcionar, a menos que os superávits e déficits causados ??pelo comércio definam as taxas de câmbio. Para permitir que a teoria ortodoxa do comércio funcione, é preciso impedir que os fluxos de capital destruam sua própria base, o que o FMI e as decisões regulatórias erradas fizeram, penalizando a produção e o comércio. Uma nova teoria baseada na economia real é proposta, uma agenda neoclássica de controle dos fluxos de capital e especulação.

Classificação JEL: F11; F13; F32; F40; G15.


Mercados emergentes e a arquitetura financeira internacional Um projeto de reforma
Jan Kregel
Brazilian Journal of Political Economy

Para que os mercados emergentes alcancem seu objetivo de ingressar nas fileiras dos países industrializados e desenvolvidos, eles devem usar sua influência econômica e política para apoiar mudanças radicais no sistema financeiro internacional. Este documento de trabalho recomenda a "união de compensação" de John Maynard Keynes como um plano para a reforma da arquitetura financeira internacional que poderia abordar as queixas do mercado emergente com mais eficácia do que as abordagens atuais. A proposta de Keynes para o sistema internacional do pós-guerra buscava remediar alguns dos mesmos problemas atualmente enfrentados pelas economias de mercado emergentes. Baseava-se na ideia de que a estabilidade financeira se baseava em um equilíbrio entre importações e exportações ao longo do tempo, com qualquer divergência em relação ao saldo, fornecendo financiamento automático dos países devedores pelos países credores por meio de uma câmara de compensação global ou sistema de liquidação para o comércio e pagamentos atuais. conta. Isso eliminou os pagamentos em moeda nacional para importações e exportações; os países receberam créditos ou débitos em uma unidade de conta nacional fixada na moeda nacional. Como a unidade de conta não pôde ser negociada, comprada ou vendida, não seria uma moeda de reserva internacional. Os créditos com a câmara de compensação só poderiam ser utilizados para compensar débitos com a compra de importações e, se não fossem utilizados para esse fim, seriam eventualmente extintos; portanto, o ônus do ajuste seria compartilhado igualmente - o crédito gerado pelos superávits teria que ser usado para comprar importações dos países com saldos devedores. As economias de mercado emergentes poderiam melhorar os esquemas atuais para instituições financeiras governadas regionalmente, usando esta proposta como modelo para a criação de sindicatos de compensação regionais usando uma unidade de conta nacional.

Classificação JEL: E42; E52; F12; N44.


A teoria geral do equilibro como metateoria econômica
Mauricio Martinelli Silva Luperi
Brazilian Journal of Political Economy

Muitos economistas mostram certa inconformidade em relação à formalização matemática excessiva da economia. Isso decorre da insatisfação com o antigo debate sobre a falta de correspondência entre os principais modelos teóricos e a realidade. Embora não se proponha a resolver esse debate aqui, este artigo procura associar a incompatibilidade de modelos matematizados com a realidade da adoção do método hipotético-dedutivo reproduzido pelo equilíbrio geral. Começamos definindo os principais benefícios da matematização da economia. Em segundo lugar, abordamos as críticas tradicionais levantadas contra ela. Em seguida, focalizamos as críticas mais recentes de Gillies (2005) e Bresser-Pereira (2008). Finalmente, tentamos associar a reprodução do método hipotético-dedutivo com um processo metateórico desencadeado pela teoria do equilíbrio geral de Debreu. Nesse sentido, apropriamos as idéias de Weintraub (2002), Punzo (1991) e principalmente Woo (1986) para apoiar nossa hipótese.

Classificação JEL: B40; B41.


O boom e a crise do Plano de Convertibilidade na Argentina
Sebastián Pedro Salvia
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo analisa a relação entre políticas estatais e economia na Argentina 1991-2001. Em 1991, o regime do quadro cambial denominado "conversibilidade" foi implementado, no âmbito de importantes reformas neoliberais introduzidas pelo Estado. Essas reformas neoliberais facilitaram a reestruturação capitalista, caracterizada por um salto em produtividade, investimento e lucros. Da mesma forma, essas reformas geraram desequilíbrios que, juntamente com as mudanças nas condições do mercado mundial a partir de 1998, levaram à crise mais profunda da história da Argentina. A ineficiência das políticas neoliberais do estado na gestão da crise, baseada no ajuste fiscal para garantir a continuidade do financiamento externo, levou a uma depressão econômica e a um colapso financeiro, provocando uma rebelião em massa e o fim da conversibilidade.

Classificação JEL: N16.


Dr. Brasilia e Sr. Nacala: a aparente dualidade por trás do nexo do capital brasileiro
Tomaso Ferrando
Brazilian Journal of Political Economy

Em agosto de 2010, o Brasil decidiu limitar os investimentos estrangeiros diretos (IDE) em terras e atraiu a atenção dos políticos tanto quanto os temores dos empresários. Contudo, alguns meses antes, em setembro de 2009, havia concluído um acordo trilateral com o Japão e Moçambique para implementar o agronegócio e contratar agricultura em uma área de dez milhões de hectares na região moçambicana de Nacala. Diante disso, o artigo analisa a aparente dualidade da política brasileira e conclui que, exatamente como no caso do romance de Robert Louis Stevenson, não se trata de patologia, mas de uma dupla personalidade induzida voluntariamente, estratégica em posicionar o Brasil no cerne do sistema capitalista global.

Classificação JEL: F02.


Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns aspectos da filosofia social de John Stuart Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes
Laura Valladão de Mattos
Brazilian Journal of Political Economy

Argumenta-se neste artigo que é possível falar de uma "tradição" no campo da filosofia social e econômica que une os trabalhos de J.S. Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes. Essa 'tradição' pode ser caracterizada pelos seguintes conceitos: (a) pela rejeição dos valores aquisitivos do capitalismo; (b) pela ideia de que o capitalismo seria incapaz de resolver espontaneamente os problemas de distribuição de riqueza e pobreza; (c) pela idéia de que, em prol da preservação da liberdade, da diversidade e da eficiência econômica, a iniciativa individual deve ser livre para agir onde quer que produza bons resultados, mas que o Estado deve intervir sempre que a livre iniciativa falhar, agindo no bem de coletividade; (d) pela crença de que seria possível melhorar significativamente o capitalismo por meio de pequenas e graduais mudanças.

Classificação JEL: B12; B13.