v. 34 n. 1 (2014): Jan-Mar / 2014


v. 34 n. 1 (2014)

Jan-Mar / 2014
Publicado em janeiro 1, 2014

Artigo


Sobre altas taxas de juros no Brasil
Francisco Lafaiete Lopes
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo examina a questão de por que as taxas de juros são tão altas no Brasil em comparação com a média internacional. Analisa argumentos teóricos baseados em déficits governamentais excessivos, falta estrutural de poupança privada, viés de inflação, demanda excessiva de investimentos e medo de flutuar. Um exame informal das evidências não corrobora fortemente nenhum desses argumentos. Portanto, um banco central sábio deve considerar "testar" o mercado para garantir que não esteja lidando com uma configuração de equilíbrio extremo ou com um desequilíbrio de longa data.

Classificação JEL: E43; F41; O11.


Minsky sobre o 'grande governo'
Daniel de Santana Vasconcelos
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é avaliar, à luz dos principais trabalhos de Minsky, sua visão e análise do que ele chamou de "Grande Governo" como uma enorme instituição que, paralelamente ao "Grande Banco", foi capaz de garantir estabilidade no capitalista e regular seu sistema financeiro inerentemente instável em meados do século XX. Neste trabalho, analisamos como Minsky propõe um papel ativo para o governo em um complexo sistema econômico defeituoso pela instabilidade financeira.

Classificação JEL: E02; E12; E62; H63.


Estado, bloco no poder e acumulação capitalista: uma abordagem teórica
Eduardo Costa Pinto, Paulo Balanco
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo elaborar uma teoria, baseada em Poulantzas, sobre o papel do Estado em uma economia capitalista através de uma perspectiva relacional que percebe o Estado como um campo e como um processo estratégico para as disputas de frações de classe dentro do bloco de poder. Para tanto, expõe a relação entre estado e acumulação em nível abstrato-formal, enfatizando as limitações de estudos que utilizam apenas essa dimensão. Em seguida, analisa o papel do bloco de poder na mediação entre os níveis abstrato e concreto do estado, observando que as políticas públicas são elaboradas como resultado dos confrontos dentro do bloco de poder. Por fim, promove uma discussão sobre as restrições externas (sistema internacional) afetadas e que afetam o estado e, consequentemente, a dinâmica do bloco de poder.

Classificação JEL: P10; P16.


Democracia consolidada e tamanho do Estado
Felipe Scudeler Salto
Brazilian Journal of Political Economy

O senso comum sugere que as democracias mais consolidadas e as economias avançadas tendem a ser mais eficientes e a produzir estados menores. O que é observado na prática, no entanto, é uma correlação positiva entre "consolidação democrática" e "carga tributária" (como proxy do "tamanho do governo"). Essa constatação, embora não expresse qualquer relação causal entre as duas variáveis, é uma evidência de que um Estado mais republicano e democrático, como definido em Bresser-Pereira, deve ser capaz de fornecer, de maneira efetiva e eficiente, serviços públicos mais amplos com melhor qualidade. Isto é, nas democracias consolidadas, o Estado não deve ser pequeno.

Classificação JEL: H10; H11; O43.


Coordenação global: votação ponderada
Jan-Erik Lane
Brazilian Journal of Political Economy

Para deter o esgotamento do capital ecológico global, foram agendados vários tipos diferentes de reuniões entre governos de países do mundo. A necessidade de coordenação global das políticas ambientais tornou-se cada vez mais óbvia, apoiada por mais e mais evidências da degradação do capital ecológico. Mas não há acordos formais ou vinculativos à vista, pois a coordenação ambiental global sofre com altos custos de transação (votação qualitativa). As emissões equivalentes de CO2, resultando no aquecimento global, são impulsionadas pela expansão econômica imparável na economia de mercado global, empregando principalmente energia gerada por combustíveis fósseis, embora, ao mesmo tempo, suba acentuadamente o PIB per capita de vários países emergentes. Somente a coordenação ambiental global do modelo bem-sucedido da Banda Mundial e do FMI (votação quantitativa) pode conter o aumento do número de emissões e impedir mais degradação ambiental. No entanto, o sistema de votação ponderada no BM e no FMI deve ser reformado, reduzindo as disparidades excessivas de poder de voto, por exemplo, reduzindo todos os votos dos países membros pela expressão da raiz do cubo.

Classificação JEL: Q32.


Gestão pública, capacidade política, inovação e desenvolvimento
Erkki Karo, Rainer Kattel
Brazilian Journal of Political Economy

Neste artigo, discutimos a questão de quais fatores na política de desenvolvimento criam formas específicas de capacidade política e sob quais circunstâncias emergem complementaridades ou incompatibilidades orientadas para o desenvolvimento entre os setores público e privado. Argumentamos que formas específicas de capacidade política emergem de três opções de políticas interligadas, cada uma de natureza fundamentalmente evolutiva: escolhas de políticas para entender a natureza e as fontes de mudança técnica e inovação; sobre as formas de financiar o crescimento econômico, em particular as mudanças técnicas; e sobre a natureza da administração pública de fornecer e implementar os dois conjuntos anteriores de opções de políticas. Assim, a capacidade política não é tanto um continuum de habilidades (de menos para mais), mas uma variedade de modos de fazer políticas que se originam de processos co-evolutivos no desenvolvimento capitalista. Para ilustrar, refletimos brevemente sobre como os estados de desenvolvimento do Leste Asiático das décadas de 1960 a 1980 e as políticas de transição da Europa Oriental desde a década de 1990 levaram a sistemas institucionais quase opostos para financiamento, desenho e gerenciamento de estratégias de desenvolvimento e como isso levou, através da evolução co-evolutiva. processos, a diferentes formas de capacidade política.

Classificação JEL: O25; P110; P160; P520.

 


Política industrial e desenvolvimento econômico: a reatulização de um debate histórico
Daniel Arruda Coronel, André Filipe Zago de Azevedo, Antônio Carvalho Campos
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo discute a importância da política industrial para o desenvolvimento econômico brasileiro. Apresenta os fundamentos teóricos e as principais experiências internacionais sobre esse tema. Além disso, examina as principais políticas industriais adotadas no Brasil, principalmente nos últimos anos. Com base nessa discussão, é possível observar que, apesar das críticas a essa política, elas foram amplamente utilizadas por muitos países desenvolvidos no passado e também tiveram um papel importante, contribuindo para aumentar o crescimento industrial no Brasil. No entanto, as recentes políticas industriais brasileiras não foram tão eficientes, principalmente quando comparadas às adotadas na maior parte do século XX.

Classificação JEL: L16; O14.


Industrialização na África subsaariana e a política de substituição de importações
Ana Paula F. Mendes, Mário Augusto Bertella, Rudolph F. A. P. Teixeira
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo contribuir para a compreensão do processo de substituição de importações na África Subsaariana. O processo de industrialização na África Subsaariana ocorreu em duas fases: um primeiro passo, mesmo muito cedo durante o regime colonial, começou por volta dos anos 1920 e terminou no final dos anos quarenta; uma segunda fase da industrialização começou no final dos anos 50 e ganhou impulso nos anos 60, quando a substituição de importações foi implementada mais amplamente. Embora esses países tenham sido os últimos a adotar a estratégia de substituição de importações, seguiram os mesmos passos dos países latino-americanos e, como as restrições internas e externas estruturais eram muito fortes, o fracasso da política de substituição de importações chegou cedo e o negativo o impacto nessas economias teve uma magnitude maior.

Classificação JEL: N67; O14; O25.


A política industrial chinesa como determinante de sua estratégia going global
Gilmar Masiero, Diego Bonaldo Coelho
Brazilian Journal of Political Economy

A China experimentou não apenas altas taxas de crescimento econômico, como também um íon internacional competitivo sem precedentes desde a virada do século. Esse processo não foi guiado apenas por forças de mercado ou influenciado pela intervenção do governo na economia. Embora se tenha argumentado muito que a estratégia de "globalização" da China esteja enraizada na ação estatal, e especialmente em sua política de depreciação cambial e incentivos à política comercial para exportações e investimentos no exterior, argumentamos que o principal determinante dessa estratégia, que estabeleceu os princípios básicos condições para a competitividade industrial, foi sua política industrial. O foco deste artigo está nas mudanças na estrutura industrial da China, enfatizando que a política industrial chinesa é um determinante central de sua estratégia internacional de íons.

Classificação JEL: O21; O25.


Políticas produtivas e competitividade industrial. O caso da Argentina e do Brasil
Marta Bekerman, Gonzalo Dalmasso
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo, por um lado, analisar o aumento de assimetrias produtivas entre a Argentina e o Brasil que vêm evidenciando nas últimas duas décadas, e atualmente se deleita no déficit comercial estrutural de produtos industriais que afeta a Argentina nas relações bilaterais. Por outro lado, pretende contribuir para o entendimento das raízes dessas assimetrias, com base nas diferenças nas políticas públicas implementadas pelos dois países no período que se estende desde a implantação do MERCOSUL, no início dos anos 90, até 2008. O foco é com base no padrão tecnológico das estruturas de produção e comércio industrial, considerando um impacto não neutro no desenvolvimento a longo prazo.

Classificação JEL: O14.