v. 34 n. 2 (2014): Abr-Jun / 2014


v. 34 n. 2 (2014)

Abr-Jun / 2014
Publicado em abril 1, 2014

Artigo


O impacto de Alice Amsdem sobre a América Latina
Helen Shapiro, Juan Carlos Moreno-Brid
Brazilian Journal of Political Economy

Em 15 de março de 2012, perdemos a professora Alice Amsden, um grande poder intelectual na economia do desenvolvimento. Seu trabalho foi sistematicamente marcado pela criatividade, originalidade, relevância e seu destemido compromisso de sempre falar a verdade ao poder tanto nas áreas acadêmicas quanto nas de elaboração de políticas. Esse 'Em Memória' concentra-se em apenas uma parte de seu grande legado intelectual: seu impacto para entender melhor os desafios de desenvolvimento da América Latina, obstáculos e opções de políticas. Nosso artigo foca em três grandes áreas de sua principal influência na região: o papel das empresas transnacionais, a importância das exportações de manufaturados para o desenvolvimento e a política industrial. Como argumentamos aqui, em todos eles, o trabalho dela é e continua sendo uma contribuição substancial ao conhecimento que os formuladores de políticas serão bem aconselhados a levar em consideração se a região quiser finalmente entrar em um caminho de transformação estrutural e sustentabilidade econômica e desenvolvimento social.

Classificação JEL: O1; O12.


A formação política do Brasil segundo Furtado
Mauro Boianovsky
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo fornece uma visão ampla da interpretação de Celso Furtado sobre o desenvolvimento político do Brasil, espalhada por seus vários escritos. A abordagem de Furtado foi dominada por seu esforço analítico para entender os efeitos dos distintos fundamentos socioeconômicos dos Estados Unidos e do Brasil no desenvolvimento de suas respectivas estruturas de poder. A influência persistente do regime patriarcal colonial brasileiro refletiu-se na fragilidade da democracia como um arranjo político ao longo da maior parte da história brasileira, incluindo a república oligárquica antes de 1930. A incompatibilidade entre o processo de industrialização e a inércia do sistema político levou ao populismo instável e, eventualmente, à tentativa de arbitragem militar em 1964.

Classificação JEL: B31; N46; P16.


Crescimento econômico, trabalho e produtividade no Brasil e nos Estados Unidos: uma análise comparativa
Alexandre Gori Maia, Esther Menezes
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é analisar a relação entre crescimento econômico e dinâmica do mercado de trabalho no Brasil entre 1981 e 2009, fazendo uma comparação com os Estados Unidos. Entre as descobertas, pode-se mencionar que o crescimento econômico no Brasil está relacionado a uma incorporação maciça da força de trabalho em atividades intensivas em trabalho, enquanto, nos Estados Unidos, a uma melhoria substancial da produtividade do trabalho em atividades de alta tecnologia. Apesar do contexto econômico favorável na década de 2000, enormes desigualdades entre esses países aumentaram desde que a estrutura do mercado de trabalho brasileiro permaneceu com poucas ou nenhuma mudança.

Classificação JEL: J21; J24; J31.


Os projetos de desenvolvimento do Brasil contemporâneo
Rui Mesquita Cordeiro
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo faz uma análise sobre a expansão do debate sobre desenvolvimento, a partir da ascensão do ciclo da democracia e da justiça social, no Brasil da era pós-nacional-desenvolvimentista, utilizando como método a abordagem histórico-estrutural. Inicialmente, o artigo apresentará os três principais ciclos de desenvolvimento do país, de acordo com a cronologia proposta por Bresser-Pereira. Mais tarde, eles identificam quatro causas para a transição do segundo para o terceiro ciclo. Finalmente, são consideradas algumas considerações sobre o atual ciclo de desenvolvimento, interpretando o espectro político dos projetos de desenvolvimento em disputa no Brasil contemporâneo.

Classificação JEL: O54.


A queda da desigualdade de renda corrente e a participação do 1% de domicílios de maior renda, 2000-2010
Claudio Salvadori Dedecca
Brazilian Journal of Political Economy

Segundo a OCDE, o recente processo de deterioração da cadeia de distribuição de renda nos países em desenvolvimento e desenvolvidos foi marcado pelo aumento da participação de 1% das famílias com maior renda. Na década passada, o Brasil escapou da tendência geral de deterioração da distribuição de renda. Este artigo mostra que a redução da desigualdade econômica acompanhava a relutância da participação dos 1% superiores, argumentando que a reprodução do movimento geralmente exige que essa participação seja reduzida na década atual, para permitir crescimento e desenvolvimento sustentados com justiça social.

Classificação JEL: D63.


A persistência da indexação no Brasil pós-Real
André Roncaglia de Carvalho
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo analisa as deficiências do plano Real, combinando ciência política e economia, considerando evidências de dificuldades na implementação de um plano completo de desindexação, a saber: o conflito distributivo, as relações corporativistas entre o Estado e a sociedade e o isolamento burocrático de uma tecnocracia altamente especializada . O anúncio do plano desencadeou reações defensivas, alimentando tensões distributivas durante o período URV, forçando a equipe econômica a tomar medidas que contradissessem as diretrizes gerais seguidas. A persistência dos mecanismos de indexação indica os obstáculos resultantes na busca de uma reforma do Estado por meio de um plano de estabilização, embora este último tenha o primeiro como pré-condição.

Classificação JEL: N40; H19; C14.


Sincronização de prós no varejo: algumas evidencias empíricas
Marcelo Resende, Rodrigo Zeidan, Gabriel Rega
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo investiga a sincronização de mudanças de preço no contexto de revendedores de pneus em São Paulo-Brasil e itens de edição em supermercados para produtos de limpeza e alimentos no Rio de Janeiro-Brasil. Os resultados indicam uma sincronização semelhante e não desprezível para marcas diferentes, embora as magnitudes estejam distantes de um padrão de sincronização perfeito. Encontramos padrões interessantes na competição entre empresas, com magnitudes semelhantes em diferentes tipos de pneus. A sincronização intra-cadeia é substancial, indicando que uma política comum de ajuste de preços tende a ser sustentada para cada cadeia em diferentes produtos.

Classificação JEL: L11; L81.


Incerteza e não ergodicidade: crítica aos neoclássicos
Marcelo Mallet Siqueira Campos, Tulio Chiarini
Brazilian Journal of Political Economy

O ponto de partida deste ensaio é mostrar que, em nossa opinião, o problema da economia tradicional não está no método dedutivo nem nos métodos matemáticos utilizados, mas em atribuir ao "poder" dos agentes econômicos no futuro e prescrever a existência de processos estocásticos ergódicos em suas análises econômicas. Assim, construindo uma teoria no terreno cujas bases não são capazes de sustentar uma compreensão adequada do mundo, a economia convencional tem dificuldades em usar a modelagem para estabelecer deduções e conclusões que ajudam a entender o sistema. Assim, o rigor lógico-matemático nos modelos e deduções econômicos pode ser usado com axiomas apropriados, o que não é o caso da economia convencional. Nossa hipótese é que a incapacidade do mainstream em prever crises econômicas se deve ao não reconhecimento de alguns princípios que melhor descrevem a dinâmica do capitalismo contemporâneo financeirizado, como os princípios da não ergodicidade e da incerteza keynesiana.

Classificação JEL: E00; E02; E12.


Mário Henrique Simonsen e a construção do conceito de inflação inercial
Andrea Felipe Cabello
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo analisa as contribuições de Mario Henrique Simonsen na construção do conceito de inflação inercial e na literatura relacionada. A curva de Simonsen, na qual a idéia de inflação inercial estava implícita, é analisada, juntamente com o modelo de realimentação, e mostra como Simonsen construiu um modelo que considerava inércia inflacionária, possibilidades de neutralização e possíveis problemas e custos de estabilização, antecipando muitos dos editados que orientaram o debate nos anos 80.

Classificaç˜ão JEL: B31.


As primeiras impressões de Hicks sobre a Teoria Geral
Jorge Eduardo de Castro Soromenho
Brazilian Journal of Political Economy

Neste artigo, apresentamos uma interpretação da primeira revisão de Hicks da Teoria Geral de Keynes. Primeiro, analisamos a influência da teoria de Hayek no trabalho de Hicks. Mostramos como Hicks, refletindo sobre a teoria austríaca do ciclo de negócios, criou os conceitos de "semana" e equilíbrio temporário. Em seguida, discutiremos como o autor reformulou esses conceitos de tempo e equilíbrio para interpretar a Teoria Geral.

Classificação JEL: B22.