v. 33 n. 4 (2013): Out-Dez / 2013


v. 33 n. 4 (2013)

Out-Dez / 2013
Publicado em outubro 1, 2013

Artigo


Convenção liberal versus neodesenvolvimento para o crescimento: por que o Brasil mostra um fraco desempenho desde a década de 1980?
André Nassif, Carmen Feijó
Brazilian Journal of Political Economy

O principal objetivo do nosso artigo é fornecer argumentos analíticos para explicar por que o Brasil não conseguiu restaurar sua capacidade de crescimento econômico a longo prazo, especialmente em comparação com sua economia no período 1950-1979 (7,3% ao ano, em média) ou mesmo com várias economias emergentes no período 1980-2010 (6,7% ao ano em média, contra 2,3% ao ano em média no Brasil no mesmo período). Construímos nossa idéia de convenção para o crescimento com base no conceito keynesiano de convenção. Para nossos propósitos, esse conceito pode ser resumido brevemente como a maneira pela qual o conjunto de decisões econômicas públicas e privadas se relaciona a diferentes objetivos, como quanto produzir e investir, quanto cobrar por produtos e serviços, como financiar serviços públicos e a dívida privada, como financiar pesquisa e desenvolvimento, e assim por diante, são indefinidamente - ou pelo menos até que não haja mudanças - realizadas pelas instituições políticas, econômicas e sociais. Essa referência analítica pode ser conectada ao conceito do Sistema Nacional de Inovação Neo-Schumpeteriano (NIS), que enfatiza não apenas as instituições associadas à ciência e à tecnologia em si, mas também a complexa interação entre elas e outras instituições. Neste artigo, identificamos duas convenções para o crescimento a longo prazo nas últimas três décadas no Brasil: o liberal e o neodesenvolvimento. Mostramos que o fraco desempenho da economia brasileira em termos de crescimento real do PIB a partir da década de 1980 pode ser explicado por uma fraca coordenação entre políticas macroeconômicas de curto prazo e políticas industriais e tecnológicas de longo prazo. Essa fraca coordenação, por sua vez, pode ser associada à prevalência da convenção liberal a partir dos anos 90, que enfatizou a estabilização de preços em detrimento de uma estratégia de neodesenvolvimento, cujo objetivo principal é sustentar taxas mais altas de crescimento e pleno emprego. Brasil.

Classificação JEL: 01; 02; 05.


Autonomia do Estado e desenvolvimento no capitalismo democrático
Marcus Ianoni
Brazilian Journal of Political Economy

Autonomia e desenvolvimento do Estado no capitalismo democrático. O artigo argumenta que se o Estado, como expressão e parte de um pacto de dominação, atua como ator corporativo com relativa autonomia, visão e capacidade de promover o desenvolvimento, é uma instituição-chave na transformação econômica. Apoiado no neomarxismo, expõe os limites da abordagem institucionalista da autonomia do Estado para explicar sua origem, mas não descarta essa abordagem. Defende que a teoria do equilíbrio de classes do estado pode explicar sua relativa autonomia e, ao mesmo tempo, ajudar a entender as experiências históricas da ação estatal de desenvolvimento social, particularmente nos regimes social-democratas e na atual América Latina.

Classificação JEL:  D74; D6; P16.


Convenções financeiras e a taxa básica de juros no Brasil: uma primeira abordagem
Luciana Seabra, David Dequech
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo discute a tese de que a taxa de juros brasileira é uma convenção, com foco na taxa básica de juros no regime de metas de inflação. Por um lado, existem algumas complicações envolvidas neste debate. Para mostrar isso, consideramos os trabalhos teóricos que têm sido referência para os economistas brasileiros que veem uma convenção de taxa de juros no país. Por outro lado, apesar das dificuldades, é possível encontrar sinais de convencionalidade na determinação da taxa básica brasileira, analisando duas propriedades das convenções: conformidade de algumas com a conformidade de outras; e arbitrariedade.

Classificação JEL: B52; E43; E58.


Instituições e crescimento econômico: os modelos teóricos de Thorsten Veblen e Douglass North
Herton Castiglioni Lopes
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste trabalho é analisar o papel das instituições no crescimento econômico. Ele busca propor dois modelos teóricos que explicam o desenvolvimento, um de acordo com Thorstein Veblen e o outro baseado em Douglass North. Assim, resume e compara os efeitos das instituições em crescimento e, ao mesmo tempo, enfatiza os desvios e as aproximações em ambas as cadeias teóricas. Além das diferenças ainda existirem, há uma agenda de pesquisa que está se aproximando. Nos dois modelos teóricos, existem conceitos importantes para analisar os efeitos das instituições no desenvolvimento.

Classificação JEL: B25; B52; O10; O43.


Democracia sobre governança
Amelia Correa, Romar Correa
Brazilian Journal of Political Economy

Variedades de economia institucional estão disponíveis para avaliar variedades de capitalismo. Essas metodologias se baseiam nas preferências e na tecnologia para chegar ao terreno em que os agentes fazem escolhas. O indivíduo está na base desses edifícios, neoclássicos e outros. Consequentemente, o desenlace de todos esses modelos é que o mercado sabe melhor na ausência de contrafactuais efetivos. Um corolário natural é que a tarefa do governo é estabelecer mecanismos efetivos para abordar os melhores resultados. Por outro lado, propomos uma estrutura que lida com a economia moderna como um agregado que evolui no tempo histórico. Problemas como falhas efetivas de demanda são endêmicas para as economias capitalistas. Portanto, a intervenção sistemática do Estado é essencial para o seu funcionamento. Em particular, a economia política nos ensina que a intervenção deve ser do interesse dos assalariados. Em contraste com o modelo anterior, o tecido de normas e convenções que facilitam o crescimento e o desenvolvimento das economias deve emergir da consciência e das práticas da classe trabalhadora.

Classificação JEL: B52; E02; E12.


Dois métodos ou duas antropologias?
Eleutério F. S. Prado
Brazilian Journal of Political Economy

ste é um comentário a um artigo bem conhecido de Bresser-Pereira: Os dois métodos e o núcleo duro da economia. Portanto, visa um artigo muito sugestivo que procura examinar as concepções de homem da economia política clássica e da economia keynesiana em contraste com a concepção redutiva do homem encontrada na teoria econômica positiva, especialmente na teoria neoclássica. Mostra que as duas concepções em geral pensam com abstratos homens econômicos. No entanto, o primeiro raciocina com indivíduos que são determinados pelas estruturas históricas e sociais do sistema econômico capitalista. A segunda busca apresentá-las de maneira formal, como se fossem meras peças de um grande autômato, ou seja, o sistema mercantil como um mecanismo grande e padronizado. No final, Marx se distingue porque não reflete com base em um fundamento antropológico estático. Para ele, os homens são sujeitos que se tornam porque só podem se realizar no curso da história.

Classificação JEL: B41.


A (im)previsibilidade da crise e o pluralismo da Economia
Luís Felipe Lopes Milaré
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo discute a previsibilidade da última crise econômica global, relacionando-a à falta de pluralismo em economia. Para tanto, é apresentada uma revisão da literatura sobre o desenvolvimento da teoria econômica nos últimos anos. Em seguida, são apresentadas as duas principais visões sobre a previsibilidade da crise: (1) os modelos econômicos usados para entender a economia não incorporavam bolhas; portanto, a crise era imprevisível; e (2) a crise era previsível quando aplicados outros métodos de compreensão da economia.

Classificação JEL: B4; B5.


O Plano Trienal no contexto das relações entre Brasil e Estados Unidos (1962-1963)
Felipe Pereira Loureiro
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo analisa as relações EUA-Brasil durante a formulação e implementação do Plano Trienal pelo governo de João Goulart. As evidências sugerem que a assistência econômica limitada oferecida pelos Estados Unidos ao Brasil, impulsionada por causas políticas, teve um papel importante no fim do Plano Trienal. Argumenta-se que os vínculos de Goulart com a esquerda radical, particularmente com grupos vistos como comunistas por Washington, foram a principal razão por trás da decisão dos EUA de bloquear recursos. As conclusões são relevantes porque os estudiosos enfatizaram razões domésticas apenas para explicar o fracasso do Plano Trienal.

Classificação JEL: N16; N46; F59.


Estudo da complementaridade do comércio entre o Brasil e o Japão com vistas a um acordo de livre comércio
Silvio Miyazaki, Nobuaki Hamaguchi
Brazilian Journal of Political Economy

O Japão assinou acordos de livre comércio como política comercial desde 2002 e três países já assinaram na América Latina. Considerando a intenção de realizar um convênio com o MERCOSUL, este artigo tem como objetivo analisar as complementaridades entre a estrutura comercial do Brasil e do Japão por índices de vantagens comparativas revelados, com dados do Banco Mundial para o período entre 2006 e 2008. Os resultados mostram uma vantagem comparativa no setor primário. commodities para o Brasil e produtos industriais para o Japão, além de indicar setores que podem se opor à liberalização do comércio.

Classificação JEL: F15.


Bases Políticas das Transferências Intergovernamentais no Brasil (1985-2004)
Octavio Amorim Neto, Andrei Gomes Simonassi
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo examina a economia política da distribuição de recursos públicos no sistema federal do Brasil em 1985-2004. Propomos um exercício empírico para analisar como os governos federais do país lidam com o compromisso entre o fornecimento de bem-estar material aos governos subnacionais (os estados em nosso estudo) e a busca de apoio político deste último. Para identificar os determinantes da transferência de recursos do governo federal para os estados, um conjunto de variáveis ??econômicas, políticas e institucionais é economicamente testado. Com base na estimativa de variáveis ??instrumentais para modelos de dados em painel, nossas estimativas indicam que, no Brasil, a busca de objetivos políticos prevalece sobre os critérios de equidade social e eficiência econômica: níveis mais altos de transferências per capita estão associados à composição política das coalizões governamentais, enquanto investimentos maiores em infraestrutura e desenvolvimento pelos estados estão associados a uma menor quantidade de recursos per capita transferidos para governos subnacionais. Nossas descobertas também sugerem uma tendência à manutenção das desigualdades inter-regionais no Brasil e mostram a relevância das leis de disciplina fiscal no desencorajamento do uso do aparato administrativo para o processo eleitoral.

Classificação JEL: H7; H77; P16; P35.