v. 32 n. 1 (2012): Jan-Mar / 2012


v. 32 n. 1 (2012)

Jan-Mar / 2012
Publicado em janeiro 1, 2012

Artigo


A hipótese do crescimento rápido. Novos argumentos
Antonio Barros de Castro
Brazilian Journal of Political Economy

Após a quase estagnação de 1981-2003, a economia brasileira sinaliza que está de volta ao rápido crescimento. Os surtos de crescimento abortados nesse período acumularam um potencial de expansão que agora está emergindo. A frustração do crescimento foi particularmente significativa no caso do aumento do crescimento iniciado em 1999, como resultado da grande depreciação do real em 1999 e do substancial aumento da produtividade nos anos 90. Agora, esse crescimento reprimido está sendo espontaneamente liberado. Além disso, pode ser liberado por políticas econômicas adequadas. As melhorias na política macroeconômica e a implementação de mini micro reformas são consistentes com essa abordagem incremental.

Classificação JEL: O54.


Cinco modelos de capitalismo
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

Além de analisar historicamente as sociedades capitalistas e pensar nelas em termos de fases ou estágios, podemos comparar diferentes modelos ou variedades de capitalismo. Neste artigo, faço um levantamento da literatura sobre esse assunto e distingo a classificação que tem uma abordagem de produção ou de negócios daquelas que usam um critério principalmente político. Identifico cinco formas de capitalismo: entre os países ricos, o modelo liberal democrático ou anglo-saxão, o modelo social ou europeu e a integração social endógena ou o modelo japonês; Entre os países em desenvolvimento, distingo o modelo de desenvolvimento asiático do modelo dependente liberal que caracteriza a maioria dos outros países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Classificação JEL: O01; N01.


Brasil (1955-2005): 25 anos de catching-up, 25 anos de falling behind
Marcelo Arend, Pedro Cezar Dutra Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy

O presente artigo discute o desenvolvimento industrial brasileiro sob uma perspectiva neo-schumpeteriana no período posterior a 1955. A hipótese é de que, nos últimos 50 anos, o Brasil passou os primeiros 25 anos se aproximando e, depois, os 25 anos seguintes, ficando para trás. O período de 1955-1980, por meio de financiamento internacional, permitiu acompanhar o paradigma em amadurecimento na quarta revolução tecnológica. No entanto, nesse período, foram determinados os principais elementos debilitantes para a entrada do país no novo paradigma tecnoeconômico da quinta revolução tecnológica que surgiu em meados dos anos 70. Está na estratégia de internacionalizar a economia, concedendo às empresas mutinacionais os setores-chave da dinâmica da economia nacional durante o período de recuperação, o principal elemento de dependência na jornada que condiciona o desempenho atual, responsável pela subordinação da tecnologia e mantém a Economia brasileira com baixo dinamismo.

Classificação JEL: O14; O33; O54.


Desigualdade, mas de qual falamos?
Claudio Salvadori Dedecca
Brazilian Journal of Political Economy

O ensaio foi motivado pela recente divulgação de documentos por instituições multilaterais de desenvolvimento, demonstrando que a última fase do crescimento econômico tende a agravar a desigualdade socioeconômica. O objetivo da atual análise é debater os avanços realizados e as persistentes dificuldades metodológicas e analíticas no debate sobre desigualdade, bem como contribuir com algumas idéias para a construção de uma visão multidimensional de um aspecto recorrente e inerente da desenvolvimento capitalista.

Classificação JEL: I30; O15.


Avaliando a diferença salarial entre os setores público e privado no Brasil
Daulins Emílio, Vladimir Ponczek, Fernando Botelho
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo utiliza um painel rotativo de famílias para analisar as diferenças salariais entre os setores público e privado no Brasil. Focando a transição de indivíduos entre empregos disponíveis nos setores público e privado e controlando características invariantes no tempo individual, encontramos evidências de pequenos diferenciais salariais em favor do setor público.

Classificação JEL: J31; J45.


Karl Popper versus Theodor Adorno: lições de um confronto histório
Angela Ganem
Brazilian Journal of Political Economy

Em 1961, durante o Congresso da Sociedade Alemã de Sociologia, duas grandes referências teóricas do século XX foram confrontadas em um debate histórico sobre a lógica das ciências sociais. Além das questões metodológicas em sentido estrito, o confronto ficou conhecido como um debate entre positivismo e dialética. O artigo trata primeiro das trajetórias teóricas de Popper e Adorno e da relação de suas teorias com suas certezas políticas e ideológicas. Por um lado, a trajetória da epistemologia popperiana é examinada, suas contribuições e ataques vigorosos a Marx no que ele chamou de 'pobreza do historicismo' e falso mundo marxista preditivo e, por outro lado, o papel de Adorno na Escola de Frankfurt. , sua crítica ao totalitarismo e a defesa de uma razão emancipatória crítica. O artigo também lida com o próprio confronto, a exposição das vinte e sete teses de Popper que culminam com a lógica da situação e o método da economia como exemplo para as ciências sociais e a perspectiva crítica de Adorno da sociologia e da sociedade como objetos não separáveis. Concluindo, mostramos como a articulação da teoria com a weltanschauung de cada autor ajuda a esclarecer os termos do debate e como o confronto se dá.

Classificação JEL: B40.


Há compatibilidade entre a Tecnologia Social de Nelson e a causalidade vebleniana de Hodgson?
Octavio A. C. Conceição
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo discutir o papel e a relação entre o conceito de instituições e o processo de crescimento econômico, por meio das abordagens neo-schumpeteriana e institucionalista. Ambos constituem uma nova agenda de pesquisa diferenciada e oposta à corrente principal. Na primeira parte do artigo, discutimos a agenda de pesquisa proposta por Richard Nelson, que enfatiza a necessidade de descompactar o conceito de instituição em toda a noção de tecnologia social. Na segunda parte, discutiremos a contribuição de Geoffrey Hodgson, que sugere esse processo em uma perspectiva evolutiva, que tem nos hábitos, normas e comportamento social sua principal característica.

Classificação JEL: B52; B25.


Qualidade do gasto público municipal em ensino fundamental no Brasil
Maria Dolores Montoya Diaz
Brazilian Journal of Political Economy

O foco deste artigo foi analisar a relação entre gastos públicos com educação pública e desempenho acadêmico dos alunos, avaliados de acordo com o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2005. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Censo Escolar 2005, Exame Brasil (avaliação matemática) aplicada a alunos da quarta série do ensino fundamental) e Finanças do Brasil (FINBRA). Um modelo multinível foi estimado e os resultados sugerem que o simples aumento do percentual de gastos municipais em educação ou o percentual de gastos em educação primária em relação aos gastos municipais em educação não garantem automaticamente melhorias na qualidade da educação.

Classificação JEL: H52; I28; C21.


O mercado brasileiro do século XIX: uma visão por meio do comércio de cabotagem
Renato Leite Marcondes
Brazilian Journal of Political Economy

O comércio marítimo consistia no principal meio de circulação das mercadorias entre as províncias brasileiras até a segunda metade do século XIX. Apesar da importância relativamente grande dos fluxos de comércio com o exterior, notamos uma troca significativa de mercadorias por mar entre as regiões brasileiras desde o período colonial. Uma parte dessas trocas deriva de produtos destinados em última instância ao estrangeiro ou importados do exterior. No entanto, outra parte decorrida de mercadorias nacionais que ainda não haviam chegado seria exportada para o mercado internacional. Muitos bens para o consumo colonial e imperial circularam pelas costas brasileiras em somas expressivas. A partir das informações levantadas para o período imperial, especialmente nas décadas de 1860 e 1870, verificamos que a maioria dos produtos comercializados entre as províncias consistia em produtos nacionais destinados ao consumo interno.

Classificação JEL: N76.