v. 33 n. 1 (2013): Jan-Mar / 2013


v. 33 n. 1 (2013)

Jan-Mar / 2013
Publicado em janeiro 1, 2013

Artigo


O modelo socioeconômico da Alemanha e a crise do euro
Michael Dauderstädt
Brazilian Journal of Political Economy

O modelo socioeconômico da Alemanha, a “economia social de mercado”, foi estabelecida na Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial e estendida à Alemanha unificada em 1990. Durante uma recessão prolongada após a adoção do Euro em 1998, grandes reformas (Agenda 2010) foram introduzidos que muitos consideram a chave do sucesso recente da Alemanha. As reformas tiveram resultados variados: o emprego aumentou, mas em grande parte consistiu em empregos precários e com baixos salários. O crescimento dependia dos superávits de exportação baseados em uma desvalorização real interna (baixos custos unitários do trabalho), o que torna a Alemanha vulnerável às recessões globais como em 2009. A desigualdade geral aumentou substancialmente.

Classificação JEL: J50; N14; O52; P16.


Competitividade e restrição externa na Zona do Euro
André Sander Diniz, Frederico G. Jayme Jr.
Brazilian Journal of Political Economy

A recente crise da dívida na Grécia, Irlanda e Portugal expôs a fragilidade existente na zona do euro para promover o desenvolvimento e a convergência econômica entre os países que adotaram a moeda. Muito além do medo da insolvência, observa-se uma disparidade crescente dos países mais desenvolvidos em comparação aos menos desenvolvidos, com conseqüências perversas para os últimos. Uma vez fixadas as taxas de câmbio nominais, os movimentos divergentes nos preços e salários relativos entre os países levaram a caminhos totalmente distintos para as taxas de câmbio reais. Piorando o cenário, observa-se a incompletude da união política, o foco monetarista do BCE e a falta de mobilidade trabalhista entre os países, o que distancia o argumento da teoria e põe em risco o futuro da União Monetária.

Classificação JEL: E42; F33.


Gênese e agenda do novo desenvolvimento brasileiro
Lauro Mattei
Brazilian Journal of Political Economy

O debate sobre o modelo de desenvolvimento do Brasil retornou novamente à arena pública na primeira década do século XXI, após duas décadas de políticas econômicas ortodoxas que incentivaram os países não desenvolvidos a adotar políticas econômicas liberais como suas estratégias de crescimento preferidas. Como o Brasil não alcançou estabilidade econômica nem desenvolvimento, a discussão de novas estratégias de desenvolvimento retornou como um tema de pesquisa popular. É nesse contexto que surge uma nova teoria do desenvolvimento - o neo-desenvolvimentismo. O objetivo deste artigo é revisar as origens desse debate e as principais proposições defendidas pelo grupo com o objetivo de implementar uma nova política de modelo de desenvolvimento no país. As principais conclusões são que este grupo teve uma contribuição importante na manutenção do debate sobre o desenvolvimento na agenda pública, além de propor uma nova abordagem teórica chamada “desenvolvimento macroeconômico estruturalista".

Classificação JEL: O10.


A taxa de câmbio real e restrição externa: uma proposta de releitura com elasticidade endógenas
Marcos Adolfo Ribeiro Ferrari, Fabio Neves Freitas, Nelson Henrique Barbosa Filho
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo investiga um tópico da agenda sobre modelos de crescimento, enfatizando a elaboração de um modelo externo restrito com elasticidade endógena, com ênfase no nível da taxa de câmbio real como principal ferramenta para o desenvolvimento econômico. O modelo está ancorado nos modelos de Kaldor, Thirlwall e Barbosa Filho e demonstrará que as restrições externas mudam ao longo do tempo.

Classificação JEL: F41; F43.


Taxa de câmbio, exportações e crescimento: uma investigação sobre a hipótese de doença holandesa no Brasil
Michele Polline Veríssimo, Clesio Lourenço Xavier
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo investiga a hipótese da doença holandesa no Brasil pela existência de uma relação negativa entre as exportações de commodities e a taxa de câmbio real e os efeitos da especialização em exportação de commodities no crescimento econômico brasileiro de 1999 a 2010, com base no modelo VAR. As evidências sugeriram uma importância expressiva das exportações de commodities na explicação das mudanças reais da taxa de câmbio. Além disso, os choques nas exportações de commodities foram relevantes para explicar as mudanças na taxa de crescimento econômico brasileiro, o que apóia a “maldição” da literatura sobre recursos naturais.

Classificação JEL: F37; F17; O24.


Exportações brasileiras, chinesas e indianas: o mercado regional é realmente uma fonte de aprendizado?
Renato Baumann
Brazilian Journal of Political Economy

Em alguns países da América Latina, a atividade exportadora começa em nível regional, com os produtores apenas posteriormente se aventurando em mercados mais competitivos. O risco implícito é que um país nunca possa progredir do estágio regional para um mercado mais global. Este artigo compara as experiências do Brasil, China e Índia. Mostra-se que o Brasil contava com o mercado regional com muito mais intensidade do que esses países asiáticos. Houve ganhos claros para a China e a Índia por terem explorado mercados mais sofisticados desde o início de sua campanha de exportação.

Classificação JEL: F13; F14; F15; F43


Exportações e inovação: uma análise para America Latina e sul-sudeste da Ásia
Marcelo José Braga Nonnenberg
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste trabalho é comparar o desempenho dos países da América Latina e do Sul/Sudeste da Ásia nas últimas três décadas com relação à intensidade tecnológica das suas exportações. A principal contribuição do presente artigo é construir um indicador de intensidade tecnológica que permita mensurar adequadamente o grau de conteúdo de conhecimento das exportações de ambas as regiões. Esse indicador foi calculado para todos os países da amostra para o período 1983-2008, com base nos dados do COMTRADE/WITS e mostram claramente como os países asiáticos possuem uma intensidade tecnológica de suas exportações muito superior aos latino-americanos.

Classificação JEL: F14.


Projetos de educação e desenvolvimento no Brasil (1932-2004): uma perspectiva da economia política
Bernardo Stuhlberger Wjuniski
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo discute a história de longo prazo das políticas de educação no Brasil. Sugere-se que a principal razão do atraso educacional tenha sido a existência de fortes interesses políticos sobre a educação. Defende-se também que esses interesses possam ser observados empiricamente na alocação de recursos públicos entre os diferentes níveis de educação, com escolhas políticas favorecendo grupos específicos da sociedade. Não se tratava de falta de investimento em educação, mas de alocação inadequada de recursos. Esse padrão de políticas de base política criou uma forte dependência negativa da má alocação de recursos na educação no Brasil, particularmente com um subinvestimento significativo no ensino médio.

Classificação JEL: N36; O15.


Mobilidade intrageracional de rendimentos no Brasil
Mariângela Furlan Antigo, Ana Flávia Machado
Brazilian Journal of Political Economy

Este trabalho investiga a mobilidade de ganhos no Brasil, considerando o período anterior e posterior à queda da desigualdade observada no país. Utilizamos microdados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME / IBGE), de 1992 a 2009. É possível analisar a mobilidade em um contexto intra-geracional. A mobilidade contribui para diminuir a desigualdade de renda. Dada a queda da desigualdade no país, se a mobilidade persistir, o Brasil poderá experimentar, a longo prazo, maior convergência de renda.

Classificação JEL: J31; J62.


Salário-mínimo, bolsa família e desempenho relativo recente da economia do Nordeste
Alexandre Rands Barros, Diloá Athias
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo apresenta as duas principais hipóteses que explicam o crescimento relativamente maior do PIB do Nordeste, quando comparado ao de todo o país. Essas hipóteses são de que as transferências governamentais para os mais pobres e os aumentos do salário mínimo são responsáveis por esse desempenho relativo. Eles são formalmente apresentados teoricamente e é desenvolvido um método para testar seu papel relativo, com base nos dados do município para o período de 2000 a 2006. Os resultados indicam que o Programa Bolsa Família teve um impacto positivo mais alto na taxa de crescimento do PIB da região do que o sobe no salário mínimo.

Classificação JEL: R11.