v. 35 n. 1 (2015): Jan-Mar / 2015


v. 35 n. 1 (2015)

Jan-Mar / 2015
Publicado em janeiro 1, 2015

Artigo


Tendência à sobreapreciação da moeda brasileira nos anos 2000: estimativa empírica
André Nassif, Carmem Feijó, Eliane Araújo
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é discutir a tendência de supervalorização da moeda brasileira na década de 2000, apresentando um modelo econométrico para estimar a taxa de câmbio real (RER) e que deve ser um nível de referência do RER para orientar a política econômica de longo prazo . No modelo econométrico, consideramos componentes estruturais e de curto prazo de longo prazo, os quais podem ser responsáveis ??por explicar a tendência de supervalorização da moeda brasileira. Nosso exercício econométrico confirma que a moeda brasileira foi supervalorizada persistentemente ao longo de quase todo o período analisado e sugerimos que o nível de referência de longo prazo da taxa de câmbio real foi atingido em 2004. Em julho de 2014, a taxa de câmbio nominal média deveria ter sido de cerca de 2,90 reais por dólar (contra uma taxa nominal observada de 2,22 reais por dólar) para atingir o nível de referência real de 2004 (média do ano). Ou seja, de acordo com nossas estimativas, em julho de 2014 o real brasileiro foi supervalorizado em 30,6% em termos reais em relação ao nível de referência. Com base nessas descobertas, concluímos o artigo sugerindo uma combinação de instrumentos de política que deveriam ter sido utilizados para reverter a tendência de supervalorização da taxa de câmbio real brasileira, incluindo uma meta para atingir uma taxa de câmbio real no médio e no longo prazo favoreceria a alocação de recursos para setores mais intensivos em tecnologia.

Classificação JEL: F30; F31; F39.


Impacto da ascensão chinesa sobre os países latino-americanos
Carlos Aguiar de Medeiros, Maria Rita Vital Paganini Cintra
Brazilian Journal of Political Economy

Analisamos neste artigo a expansão das relações econômicas entre a China e os países da América Latina (AL) na última década. O grande processo de urbanização chinesa foi o principal impulsionador das exportações de commodities da AL e a China se tornou o maior mercado para exportação e grande fornecedor de manufaturas para muitos países da AL, e sua contribuição para o investimento e o crédito também aumentou. Nesse processo de reestruturação da divisão internacional do trabalho, consideramos dois efeitos diferentes, um “efeito demanda” e um “efeito estrutura” e investigamos como a complementaridade e as pressões competitivas afetavam o comércio na região e na AL, de acordo com seus diferentes padrões e estrutura produtiva.

Classificação JEL: O1; O5; F1; F4; F6.


Hirschman e a dessacralização da epopeia do desenvolvimento por um desenvolvimentista
Renato Sérgio Maluf
Brazilian Journal of Political Economy

O ensaio apresenta uma leitura do trabalho de Albert Hirschman, com o objetivo de destacar sua abordagem diferenciada do desenvolvimento econômico, enquanto explora as dimensões econômicas, sociais e políticas envolvidas na união do crescimento econômico e da equidade social. Alguns conceitos e referências ganham importância nesse esforço, como possibilismo, racionalidades ocultas, crescimento desequilibrado, conflitos sociais, conseqüências não intencionais e soluções abertas. Os países latino-americanos são a principal referência empírica, com preocupações específicas sobre a questão alimentar envolvida nos processos de desenvolvimento.

Classificação JEL: B3; B31.


Uma interpretação estatística do PIB, do PNAD e do salário mínimo
Edmar Bacha, Rodolfo Hoffmann
Brazilian Journal of Political Economy

Por que a renda familiar da Pesquisa Nacional por Famílias (PNAD) cresceu muito mais rápido que o consumo das famílias no PIB do Brasil de 2011 a 2012? Para responder a essa pergunta, partimos de uma visualização da importância do salário mínimo na distribuição de renda da PNAD e de uma hipótese de que a subestimação das rendas nas pesquisas da PNAD está concentrada nas famílias cujas rendas não seguem o salário mínimo . Em seguida, derivamos uma equação para explicar a diferença entre o crescimento da renda familiar na PNAD e o crescimento do consumo familiar nas contas nacionais em função da mudança no salário mínimo. Nossas estimativas empíricas dessa equação sugerem que o comportamento do salário mínimo tem sido um componente importante na explicação das diferenças no crescimento da renda entre as contas da PNAD e do PIB.

Classificação JEL: D31.


Origens histórias do relativo atraso Brasileiro
Alexandre Rands Barros
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo se baseia em alguns dados para identificar o século XIX como o principal período em que a Economia do Brasil ficou para trás de alguns países de benchmarking escolhidos, como EUA, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e alguns países periféricos europeus. Para identificar as razões, um exercício com dados de imigração foi usado para decompor as fontes de crescimento da Proporção do PIB per capita dos EUA em relação ao brasileiro. Os resultados indicam que o capital humano importado foi responsável por 59% a 88% desse crescimento total entre 1820 e 1900.

Classificação JEL: N10; N11; N16.


Instituições, credibilidade e crise: as inconsistências da política cambial da Argentina (1991-2006)
Nicolás Cherny
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é duplo. O primeiro é explicar as inconsistências temporais do regime de conversibilidade que levou à crise de 2001. O argumento sugere que os requisitos de credibilidade para a conversibilidade induziram uma dinâmica de compromissos legais, fiscais, financeiros e externos que aumentaram os custos de saída e inconsistências de tempo. O segundo objetivo é explicar as tensões do regime flutuante que substituíram a conversibilidade em 2002. Descrevemos os efeitos de uma taxa de câmbio flutuante sobre o desequilíbrio macroeconômico e a crescente tensão entre competitividade e inflação.

Classificação JEL: E02; F32; O24.


O estado desenvolvimentista no Brasil: perspectivas históricas e comparativas
Ben Ross Schneider
Brazilian Journal of Political Economy

O registro de estados de desenvolvimento bem-sucedidos no Leste da Ásia e os sucessos parciais de estados em desenvolvimento na América Latina sugerem várias condições prévias para uma intervenção estatal eficaz, incluindo uma burocracia weberiana, monitoramento da implementação, reciprocidade (subsídios em troca de desempenho) e relações de colaboração entre o governo e negócios. Embora o Brasil tenha falhado em desenvolver a indústria de manufatura de alta tecnologia e as exportações que impulsionaram o crescimento sustentado no leste da Ásia, seu estado de desenvolvimento teve vários sucessos importantes e muitas vezes negligenciados, especialmente em aço, automóveis, mineração, etanol e fabricação de aeronaves. Onde o estado de desenvolvimento do Brasil teve menos sucesso foi na promoção de setores como tecnologia da informação e energia nuclear, bem como na igualdade social e regional geral. Além disso, algumas iniciativas isoladas dos governos estaduais também foram eficazes na promoção de segmentos locais específicos da indústria e da agricultura. Comparações com o Leste Asiático, destacam o papel central das empresas estatais no Brasil que, de fato, internalizaram o monitoramento e a reciprocidade e ignoraram a colaboração entre empresas e governo (que era mais raro no Brasil).

Classificação JEL: O14; O25; O54.


Taxa de Juros e Mecanismos de Transmissão da Política Monetária no Brasil
Ricardo de Menezes Barboza
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo desenvolve a hipótese de que a taxa de juros brasileira é alta como resultado de mecanismos de transmissão monetária parcialmente obstruídos. As falhas de transmissão ocorrem devido às seguintes características da economia brasileira: (i) segmentação do mercado de crédito; (ii) baixa penetração de crédito livre no processo de determinação de renda; (iii) estrutura a prazo truncada das taxas de juros; (iv) participação de LFT's na dívida pública; (v) participação dos preços administrados no índice de preços ao consumidor. Para alcançar esse resultado, o artigo explora o modelo BMW e fornece algumas evidências preliminares.

Classificação JEL: E40; E43; E52.


Subindo na cadeia de valor: instituições domésticas e investimento estrangeiro direto não tradicional no Brasil, 1990-2010
Patrick J. W. Egan
Brazilian Journal of Political Economy

O Brasil atraiu relativamente pouco investimento estrangeiro intensivo em inovação e orientado para a exportação durante o período de liberalização de 1990 a 2010, especialmente em comparação com concorrentes como China e Índia. Adotando uma perspectiva institucionalista, argumento que os perfis de investimentos de empresas multinacionais podem ser parcialmente explicados pelas características das políticas de promoção de investimentos e burocracias encarregadas de sua implementação. As políticas de IDE do Brasil eram passivas e não discriminatórias na segunda metade dos anos 90, mas se tornaram mais importantes sob Lula. Os esforços de promoção de investimentos têm sido frequentemente prejudicados por instituições fracamente coordenadas e inconsistentes. O artigo destaca a necessidade de políticas ativas e discriminadoras de promoção de investimentos, para que se obtenha benefícios do IDE não tradicional.

Classificação JEL: F2; F5; F6; L2; O3.


Instabilidade global das moedas: razões e perspetivas de acordo com a teoria da estabilidade hegemônica das empresas estatais
Dariusz Eligiusz Staszczak
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo analisa as razões da instabilidade do sistema monetário mundial. O autor considera esse problema sob perspectivas históricas e contemporâneas. De acordo com o ponto de vista apresentado, as notas de banco e o dinheiro eletrônico que substituíram as moedas de ouro e prata na circulação popular são a razão mais importante da instabilidade. Existem também consequências positivas e negativas comprovadas da instabilidade do dinheiro. As reformas do sistema monetário mundial precisam de acordo dentro da hegemonia coletiva global dos poderes estatais e das empresas transnacionais.

Classificação JEL: E42.